Hospitais em Berlim já se aproximam da lotação máxima

“Na Alemanha, infelizmente tenho que dizer que nossa taxa de vacinação não é alta o suficiente para impedir a rápida disseminação do vírus”, disse a chanceler Angela Merkel, que em breve deixará o cargo. Ela afirmou na quarta-feira, que a situação da pandemia no país é dramática e defendeu uma reunião com governadores o mais rápido possível.

“O Instituto Robert Koch de Saúde Pública (RKI) havia afirmado que qualquer taxa de vacinação da população abaixo de 75% estaria ligada a um possível crescimento exponencial [das infecções], com ocupação alta demais dos leitos de UTI”, insistiu Merkel, destacando serem necessárias, portanto, medidas para conter a alta de casos.

Com a vacinação estagnada e pressões contra a obrigatoriedade da imunização, a Alemanha registrou na quinta-feira (11) o recorde diário de casos de Covid-19, com 50.196 novas infecções nas últimas 24 horas. O país enfrenta uma nova onda de casos de coronavírus pouco antes do inverno.

O Instituto Robert Koch de Saúde Pública (RKI) relatou um aumento na taxa de incidência de coronavírus em sete dias – o número de pessoas infectadas a cada 100.000 habitantes – passando de 232 para 249.

Até agora, 67,3% da população foi completamente vacinada.

Merkel assinalou ainda que o país tem duas grandes tarefas pela frente, além da questão chave de vacinar mais pessoas. As doses de reforço, as quais devem ser aplicadas principalmente nas pessoas acima de 60 anos, que são cerca de 24 milhões, é a primeira delas.

A segunda tarefa é determinar quando é necessário aplicar medidas adicionais, como a chamada regra 2G (que permite a entrada apenas de pessoas vacinadas [Geimpfte] ou recuperadas da Covid-19 [Genesene] em certos espaços) para desacelerar a disseminação do vírus, segundo informou a emissora Deutsche Welle (DW).

Na semana passada, o ministro de Saúde da Alemanha, Jens Spahn, afirmou que o país já entrou na quarta onda da pandemia de Covid-19 e que, no momento, o país vive uma “pandemia dos não vacinados”.

Autoridades de governos estaduais afirmaram diversas vezes que não pretendem impor lockdowns e, em vez disso, apelaram à população para que se vacine contra a Covid-19, mas sem resultados efetivos. Diferentemente de outros países europeus, o governo tem se recusado a tornar a vacinação obrigatória para certas profissões.

Vários hospitais, como o Charité de Berlim, relataram nos últimos dias estar operando em seus limites, com as UTIs tão cheias de pacientes com Covid-19 que não podem admitir mais pessoas. Registrou nesta semana que teve que cancelar cirurgias marcadas. Autoridades afirmam que a maioria desses novos pacientes não foi vacinada.

Medidas previstas

Ainda em meio a negociações de coalizão, os três partidos que provavelmente formarão o próximo governo da Alemanha começaram a debater novas regras com as quais pretendem conter a pandemia.

Na segunda-feira (8), membros do Partido Social-Democrata (SPD), do Partido Verde e do Partido Liberal Democrático (FDP) trabalharam num novo projeto de lei que será discutido no Bundestag (Parlamento alemão) até o final de semana.

Os planos incluem a reintrodução do teste gratuito para Covid-19. A medida esteve em vigor por quase todo o ano e foi suspensa no início de outubro.

O projeto de lei determina também testes diários obrigatórios para funcionários e visitantes de lares de idosos, independentemente se foram vacinados ou não. E ainda prevê a reintrodução da chamada “taxa de coronavírus” paga pelo Estado aos hospitais privados que mantêm alguns de seus leitos de terapia intensiva livres para pacientes com Covid-19.

E, diminuindo a frouxidão das regras, os médicos devem prescrever aos pacientes idosos uma recomendação por uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19. Por fim, o projeto de lei propõe que os pais adquiram uma licença adicional no trabalho caso seus filhos contraiam o vírus, tenham que ficar em quarentena ou se as creches forem forçadas a fechar devido a infecções.