“Ajude a libertar meu marido”, pede à Turquia a esposa de líder preso
A esposa do deputado Medvedchuk, o líder do maior partido de oposição ucraniano, preso pelo regime de Kiev e ofertado para ‘troca de prisioneiros de guerra’, Oksana Marchenko, dirigiu-se ao presidente turco Recep Tayyp Erdogan na quarta-feira (13), para pedir que ele ajude a “salvar e libertar meu marido”.
“Senhor Presidente, o senhor é a favor de um diálogo pacífico. O senhor disse repetidamente que é amigo do meu país, a Ucrânia, e amigo da Rússia… Peço-lhe, caro senhor presidente, que use sua influência para salvar e libertar meu marido”.
O presidente turco tem se envolvido pessoalmente na busca de uma solução para a crise na Ucrânia e Istambul foi a sede de negociações Ucrânia-Rússia que mais avançaram as perspectivas de deter o conflito.
Anteriormente, a senhora Marchenko havia denunciado que Medvedchuk “não violou nenhuma lei da Ucrânia e não deixou seu território”, que seu marido “está sendo perseguido por razões políticas contrárias às leis da Ucrânia e ao direito internacional”, e exigira do regime de Kiev sua “libertação imediata”.
Medvedchuk, cujo partido Plataforma de Oposição – Pela Vida advoga relações normais com a Rússia, preservação dos laços econômicos e históricos e a defesa dos direitos da população russófona, desde 2014 se empenhou na solução da crise no Donbass nos marcos dos acordos de Minsk, cuja essência era a autonomia das “regiões” [o leste de maioria ‘russa’] dentro da Ucrânia, garantida constitucionalmente juntamente com o respeito à língua russa falada por 40% dos ucranianos.
Na Ucrânia, sob o pretexto da ‘invasão russa’ todos os partidos de oposição estão proibidos de atuar, enquanto o Partido Comunista ucraniano foi banido desde o golpe de 2014 e teve seus deputados sumariamente cassados.
Foi o próprio Zelensky que veio a público declarar o líder do maior partido de oposição ucraniano como refém para troca de prisioneiros com os russos. Medvedchuk foi exibido trajado com uniforme do exército ucraniano e desde 2021 vinha enfrentando um processo por “traição” ao regime banderista. Até recentemente, o paradeiro do deputado era tido, segundo o regime ucraniano, como desconhecido.
A prisão e exibição de Medvedchuk também coincide com as horas finais dos últimos elementos do Batalhão Azov em Mariupol, cercados em uma siderúrgica na zona industrial, depois da tomada do porto e da rendição de mais de 1000 marinheiros ucranianos pelas forças russas e do Donbass.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a perseguição ao líder do maior partido de oposição na Ucrânia, deputado Viktor Medvedchuk, que se encontra preso ali por suas concepções políticas, expõe “a verdadeira natureza do regime de Kiev”.
Ou seja, para bom entendedor, uma ditadura encharcada de neonazistas, oligarcas ladrões e serviçais da CIA.
“É nossa profunda convicção que sua acusação foi absolutamente motivada politicamente. Foi construída com pretextos absolutamente manipulados. Medvedchuk não deixou a Ucrânia mesmo [depois de indiciado], ele tomou uma decisão muito difícil de participar deste julgamento falso”, assinalou Peskov.
“Quanto ao intercâmbio, sobre o qual várias figuras em Kiev falaram com tanto fervor, ardor e prazer: Medvedchuk não é um cidadão da Rússia, ele não tem nada a ver com uma operação militar especial, ele é uma figura política estrangeira”, disse o porta-voz.
Peskov disse que não sabemos se ele mesmo quer algum tipo de participação russa na resolução dessa situação caluniosa contra ele.
“Se em algum momento essas ideias dele e de seu partido fossem levadas em consideração ou formassem a base da política estatal da Ucrânia, então não haveria operação militar. As opiniões de Medvedchuk a favor da construção de relações normais de parceria mutuamente benéficas entre a Ucrânia e a Rússia também são bem conhecidas. Esta posição sempre foi explícita”, sublinhou Peskov.
Qualquer um pode perceber que, se existissem relações secretas de Medvedchuk com Moscou, este certamente já teria saído da Ucrânia muito antes do início da operação militar especial russo, registrou o porta-voz.
Quanto aos planos anunciados por Kiev de trocar Medvedchuk por todos os militares ucranianos capturados, o porta-voz do Kremlin observou que o político não é cidadão russo e não está relacionado de forma alguma à operação militar especial russa a ser considerado para troca.
Peskov acrescentou que Moscou nem sabe se Medvedchuk quer que a Rússia se envolva de alguma forma no caso contra ele.
O porta-voz disse que o Kremlin acompanhará os desenvolvimentos no caso de Medvedchuk e convocou os países ocidentais a fazerem o mesmo.
“Apelamos também aos políticos europeus, que se preocupam tanto com a liberdade de expressão e que chamam a perseguição de uma pessoa por motivos políticos de ‘inaceitável’, [a acompanharem o caso de Medvedchuk]. Este é o momento [de colocar esses princípios em prática] e é apropriado esperar que os políticos europeus impeçam o regime de Kiev de perseguir uma pessoa por suas opiniões políticas”, disse Peskov.
“Arrancar dele certas provas”
É verdade que o assessor do chefe do Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia, Vadym Denisenko, falando no ar do canal de TV Rada, sugeriu dar mais alguns passos antes da troca, registrou o jornal Kommersant. “Idealmente, seria agora – o julgamento mais rápido possível, dar-lhe uma sentença apropriada, arrancar dele certas provas e depois trocá-lo”, disse Denisenko.
Em suma, o prócer banderista sugeriu torturar o parlamentar para fabricar ‘provas’ e condená-lo, para em seguida “idealmente agora” fazer a troca de presos de guerra com a Rússia. Nas redes sociais, abundam os rumores sobre as identidades dos figurões neonazis encurralados no último reduto em Mariupol, e prestes a serem capturados.
A resposta à sugestão de “arrancar [de Medvedchuk] certas provas” veio rápido, do ex-presidente russo e atual vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev:
“Alguns malucos que se autodenominam ‘autoridades ucranianas’ relatam que querem extrair provas de Viktor Medvedchuk, então “de forma rápida e justa” condená-lo e depois trocá-lo por prisioneiros. Essas figuras devem olhar cuidadosamente ao redor e trancar firmemente as portas à noite, para não ficarem entre as próprias pessoas trocadas”, ele escreveu no canal Telegram.