Ricardo Salles defendeu os interesses dos madeireiros ilegais

A Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF) pregou respeito às prerrogativas do ex-superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, exonerado após protocolar uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Na notícia-crime, protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria-Geral da República (PGR), Saraiva acusa o ministro de dificultar a fiscalização de crimes ambientais na Amazônia. O delegado denunciou o ministro também pelo crime de advocacia administrativa, que é quando o agente público usa o cargo para defender interesses privados.

Na nota, a ADPF defende que Saraiva tenha seus direitos preservados, “independentemente do poderio político ou econômico dos investigados”, e ressalta que é “inadmissível” que integrantes do governo federal ou parlamentares “exerçam pressão” sobre a PF.

“Caso o investigado não concorde com as providências adotadas pelo Delegado de Polícia, deve buscar, por meio de seus advogados constituídos, demonstrar as suas teses ou, em caso de indeferimento pela autoridade policial, recorrer ao Judiciário. A atividade investigativa possui controles institucionais internos e externos suficientes para que os investigados possam utilizar os dispositivos legais em suas defesas”, afirma a entidade.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), cobrou, em entrevista ao Correio Braziliense, uma “ação enérgica” do governo em relação ao fato.

Ele também criticou o anúncio da exoneração do superintendente, determinada pelo novo diretor-geral do DPF, Paulo Maiurino, empossado no cargo no último dia 8.

“As denúncias que pesam sobre o ministro Ricardo Salles, um antiministro do Meio Ambiente, são graves e merecem ser apuradas com muito rigor pelos órgãos competentes. Mais trágico ainda é a demissão do chefe da Polícia Federal, demitido por fazer seu trabalho”, reprovou o deputado.

Saraiva foi o responsável pela maior apreensão de madeira ilegal da Amazônia. A ação foi desencadeada a partir da Operação Handroanthus, de dezembro do ano passado, que terminou com a apreensão de mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, avaliados em cerca de R$ 130 milhões, no fim de 2020.

Ricardo Salles tomou a defesa dos madeireiros criminosos e pressionou o delegado para que a madeira extraída ilegalmente da Amazônia fosse liberada.

Saraiva aponta que os madeireiros entregaram os documentos fraudulentos referentes às madeiras apreendidas. Ele acusa os responsáveis pela extração da madeira ilegal de integrarem uma organização criminosa.