Covid-19 avança no estado sulista enquanto posto de vacinação em Birmingham segue vazio

Os dados divulgados pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos estampam a dura e triste realidade do Alabama, estado sulista ultraconservador que registra oficialmente a menor taxa de imunização do país: apenas 36% dos habitantes receberam as duas doses contra a Covid-19. Fragilizada frente ao vírus, 90% da população que morreu nos últimos quatro meses simplesmente não havia sido vacinada, assim como 95% do total de mortos pela doença no estado.

O negacionismo está tão arraigada no estado – que sofre atualmente com a quarta onda da pandemia – que até mesmo o ex-presidente Donald Trump foi vaiado no último sábado quando pediu aos partidários em um comício em Cullman para se vacinarem. Vitorioso no Alabama com 62% dos votos nas eleições de novembro, Trump estava entre amigos, mas sua recente inflexão à razão não foi aceita.

A relutância às evidências científicas resultou em um número recorde de internações na rede hospitalar, sobrecarregando a rede de saúde e alcançando o mesmo tenebroso pico de janeiro passado. Mas há uma diferença com a realidade anterior: a variedade de vacinas à disposição da população, que ainda prefere ficar de fora da campanha e dar lugar à desinformação e à ignorância.

O preço da indiferença pela imunização tem sido extremamente alto no estado de cinco milhões de habitantes, tanto do ponto de vista individual como coletivo. Exemplo disso é a enfermeira Haley Mulkey Richardson, de 32 anos, que se recusou a tomar a vacina por estar grávida, contraiu o vírus, perdeu a criança e morreu dias depois na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

E a rápida disseminação da variante delta tem sido ainda mais assustador, com o estado registrando surtos em creches, acampamentos e igrejas. Conforme o presidente Joe Biden, a única pandemia que o país enfrenta está entre os não vacinados, nada menos do que 85 milhões de estadunidenses.

Até a quinta-feira (26), os Estados Unidos registravam mais de 633 mil mortos – 12 mil do Alabama – e 38,4 milhões de contaminados – 600 mil do estado sulista.