O Palácio Capanema não deve mais ser incluído no “feirão” de imóveis do ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo autoridades do Rio de Janeiro.

A intenção de leiloar o prédio para a iniciativa privada repercutiu negativamente e mobilizou pessoas e associações ligadas à cultura, à arquitetura e ao patrimônio histórico. Símbolo da arquitetura moderna brasileira, o Capanema já foi sede dos ministérios da Educação e da Saúde.

As deputadas federais Alice Portugal (PCdoB-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) comemoraram o recuo do governo.

Segundo Alice Portugal, que preside a Comissão de Cultura da Câmara, a exclusão do imóvel da lista de “privatização” é uma grande vitória do setor cultural.

“Foram várias as ações no sentido de impedir que esse patrimônio arquitetônico, histórico e educacional brasileiro fosse defenestrado, leiloado sem qualquer importância. O setor cultural está de parabéns, assim como todo o segmento da arquitetura”, afirmou na sessão desta quinta-feira (19).

Para Jandira Feghali, a tentativa de se desfazer de um dos ícones da arquitetura nacional não é a única agressão à cultura brasileira por parte do governo Bolsonaro que precisa parar.

“Existe hoje uma paralisia de todas as instituições da cultura brasileira. Nós temos hoje uma desconstrução inteira da política cultural deste País, um Orçamento que é para destruir a cultura brasileira, para ela não funcionar”, denunciou.

O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) usou uma rede social para registrar a conquista.

“Palácio Capanema, no Rio de Janeiro, não será mais leiloado pelo governo. A mobilização daqueles que defendem a cultura e o patrimônio brasileiro venceu! Um espaço símbolo da arquitetura moderna brasileira e que já abrigou os Ministérios da Saúde e Educação”, escreveu no Twitter.

Arquitetura moderna

A concepção do palácio, feito sob consultoria do francês Le Corbusier e inaugurado em 1945, reuniu os nomes mais famosos da arquitetura, do paisagismo e da arte brasileira do século XX.

Assinaram o projeto do prédio de 16 andares os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, entre outros. Os jardins suspensos foram planejados por Burle Marx e os azulejos da fachada são de Cândido Portinari. Além da importância histórica, o palácio reúne hoje parte do acervo da Biblioteca Nacional e serve de casa para a Funarte.

O Capanema foi citado por Guedes como um dos mais de 2 mil imóveis que poderiam entrar num leilão. Para fazer caixa, o governo se baseia na lei 14.011, de 2020, que facilita a concessão de patrimônios da União. A reação de entidades da arquitetura e da Cultura foi imediata.

 

Por Walter Félix

 

(PL)