Deputados do PCdoB comentam desespero de bolsonaristas na CPI
O depoimento dos irmãos Miranda à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado desestabilizou a base governista nesta sexta-feira (25). Desde o início da sessão marcada para ouvir o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luís Ricardo Miranda, funcionário concursado do Ministério da Saúde, a base bolsonarista tumultuou e tentou desacreditar as denúncias de irregularidades na compra da vacina Covaxin.
Deputados do PCdoB chamaram atenção para o nervosismo e destempero da base bolsonarista. “Durante a CPI da Covid, os senadores governistas interrompem a todo momento o depoimento dos irmãos Miranda”, comentou o líder da legenda na Câmara, deputado federal Renildo Calheiros (PE).
“Por que os senadores Fernando Bezerra e Marcos Rogério estão absolutamente desesperados?”, questionou a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
O líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), se destacou pela irritação e interrupção contínua dos depoimentos com falas e gritos durante a sessão. Já o senador Marcos Rogério (DEM-RO) tentou desconstruir a narrativa dos irmãos Miranda, partindo para ataques aos depoentes.
“Chamem os paramédicos. Fernando Bezerra não está bem. Marcos Rogério apresenta qualquer coisa, de qualquer jeito, para confundir os depoimentos. É uma molecagem”, destacou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).
A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também comentou o desespero da base. “Me surpreendendo aqui com o descontrole do líder do governo, senador Fernando Bezerra. Bolsonaro está fazendo escola entre os seus. Pelo nervosismo do líder, parece que o escândalo do superfaturamento na compra da vacina Covaxin atinge de cheio o chefão”, pontuou.
O deputado Luis Miranda e seu irmão confirmaram à CPI as denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Eles repetiram que o caso foi levado ao conhecimento do presidente da República, Jair Bolsonaro, numa reunião no dia 20 de março, às 16h, no Palácio da Alvorada.
“O presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: ‘Isso é grave!’ Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome pra mim, dizendo: ‘Isso é coisa de fulano’. Não me recordo. E falou: ‘Vou acionar o DG (delegado-geral) da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave, isso que está ocorrendo”, disse o deputado sobre o encontro com o presidente. Questionado sobre quem seria o deputado, o parlamentar disse não se lembrar do nome.
O deputado citou o nome de Diniz Coelho, ajudantes de ordem de Bolsonaro, para quem encaminhou, junto com o pedido de audiência, provas de irregularidades e pressão pela importação da vacina.
“Na CPI, o deputado Luís Miranda confirmou que Bolsonaro e o seu filho Flávio foram notificados sobre o esquema de corrupção da vacina Covaxin. Por que o presidente não fez nada?”, questionou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA).
O servidor do Ministério da Saúde esclareceu que sofreu pressão dos seus superiores para autorizar uma invoice (nota fiscal internacional) a favor da empresa Madison Biotech, com endereço em paraíso fiscal, que não constava no contrato entre a Precisa Medicamentos e a Bharat Biotech. O contrato era de R$ 1,6 bilhão para 20 milhões de doses, consideradas as mais caras já compradas pelo país.
Os senadores também suspeitam da agilidade no fechamento do negócio, que durou apenas três meses enquanto o contrato da Pfizer durou onze meses, após diversas tentativas de acordo. A transação com a Covaxin contou com a participação direta do presidente que disse ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que a vacina tinha sido escolhida pelo Brasil.
Da redação
(PL)