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Eleições municipais no Brasil – consideradas umas das maiores do mundo pelo volume de eleitores envolvidos – nunca permitem analise imediata de resultados. Sobretudo num cenário político complexo como o atual, em que movem-se verdadeiras placas tectônicas afetando a correlação de forças.

Por Luciano Siqueira*

Além disso, temos ainda um segundo turno cujos resultados poderão pesar qualitativamente na balança, especialmente em Porto Alegre e São Paulo.

Daí, conclusões apressadas sobre a viabilidade ou não de construção de ampla frente democrática no pleito de 2022 não passam de chutes ao alto, longe do gol.

São muitas as variáveis em presença. Do próprio caráter dispersivo do pleito municipal, mormente quando os partidos são legalmente obrigados a formar chapas próprias à Câmara Municipal e, em certa medida, levados a candidaturas solo à Prefeitura, ao evolver da crise econômica e social.

De tal modo que além de dados evidentes – como a derrota do bolsonarismo de raiz, os fortalecimento de legendas do chamado centrão e conquistas importantes da esquerda – há que se ter paciência na análise da situação.

Entretanto, a possibilidade de um novo ciclo progressista no país implica necessariamente no ajuntamento de forças em oposição à extrema direita e ao centro-direita.

Fortalecer um bloco avançado, conquistar apoios ao centro e acenar à sociedade com programa alternativo claro, consistente e factível é o escopo do enfrentamento da batalha eleitoral vindoura.

Uma engenharia complexa, que não dialoga pacificamente com a antecipação de candidaturas presidenciais pretensamente competitivas.

E tal como em outros episódios de nossa história política das últimas décadas, imprescindível se faz emergir nesse processo um conjunto de lideranças realmente pautadas pelo interesse nacional e pela defesa da democracia, em certa medida para além de projetos estritamente partidistas.

 

*Luciano Siqueira é médico, vice-prefeito do Recife e membro do Comitê Central do PCdoB

 

(PL)