De acordo com números da Serasa, 36,9 milhões de brasileiros estão em débito com contas básicas, como luz e gás, por exemplo, cujos preços das tarifas – que são administrados pelo governo federal – vêm sofrendo aumentos expressivos no último período.

Ao todo, o Brasil tem hoje 62,5 milhões de inadimplentes. No ranking de tipos de dívidas da Serasa, as dívidas com serviços de utilidade pública (conta de luz, água, gás etc.) estão em segundo lugar, com 22,3% do total. No mês passado, esse número era de 21,60%. Em primeiro no ranking, consta as dívidas com os bancos, com quase 30% das dívidas em atraso.

“O aumento no valor das contas de luz e gás pode impactar o orçamento dos brasileiros e resultar no atraso do pagamento”, afirmou a gerente de marketing da Serasa, Nathalia Dirani, ao destacar que “o aumento no valor das contas básicas afeta a toda a população brasileira, mas as pessoas com menor renda podem sentir mais esse impacto, já que, normalmente, essas são as contas priorizadas no orçamento familiar, que já vem sofrendo com a alta de produtos e serviços, explicou Dirani.

Segundo a pesquisa “O Bolso dos Brasileiros” da Serasa, 86% dos brasileiros consideram as contas básicas como as mais importantes entre as dívidas. “As contas básicas, como água, luz e gás são as principais prioridades caso tivessem que optar por apenas um pagamento em dia”, conta a gerente.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou que fará um reajuste da bandeira vermelha 2, que pode ser superior a 20%, em razão do uso das usinas térmicas, que foram acionadas por conta do baixo nível dos reservatórios de água.

Com isto, a bandeira vermelha – que está valendo na conta de luz desde o início deste mês (junho) – passará dos R$ 6,24, a cada 100 quilowatts-hora (kWh), para aproximadamente R$ 7,57.

Este custo poderia ser evitado, se nos últimos anos o governo tivesse se preocupado em realmente investir em novas fontes de energia mais baratas, como eólicas e solar, capazes de suprir as gerações de energia quando os níveis dos reservatórios estiverem baixos. Mas como não há tal planejamento, os brasileiros estão novamente dependendo das usinas térmicas, que custarão, até novembro deste ano, 9 bilhões. Além disso, o governo propõe encarecer os custos da energia ainda para os consumidores por meio da privatização da Eletrobrás e com a renovação de novos contratos de térmicas.

Gás de cozinha cada vez mais caro

Desde maio, os consumidores residenciais de gás natural vêm recebendo reajustes elevados em suas contas por razão do governo ter autorizado um aumento de 39% no preço do combustível nas refinarias de Petrobrás, em abril deste ano. Em São Paulo, os consumidores tiveram alta nas tarifas de gás canalizado próximo dos 40%, por consequência desta medida.

Na semana passada, o governo Bolsonaro também autorizou um aumento de 5,9% no preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de botijão de cozinha, nas refinarias da Petrobrás.

Este foi o quinto aumento deste ano e o décimo em 12 meses. Em janeiro, a Petrobras elevou o preço em 6%. No mês seguinte, a alta foi de 5,1%. Em março, teve mais um reajuste de R$ 0,15 por quilo e, em abril, o aumento foi de 5%.

Diante destes seguidos aumentos, o botijão gás de cozinha de 13 kg pode ser encontrado acima dos R$ 100 em 17 Estados, de acordo com dados da a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), coletados na última semana (13/06/2021 a 19/06/2021). No Mato Grosso, Goiás e Rondônia o botijão de gás chegou a R$ 120.

Os aumentos do gás de cozinha e canalizados são mais um reflexo da absurda política de preços do governo Bolsonaro de atrelar os preços dos combustíveis produzidos pela Petrobrás ao PPI (Preço de Paridade de Importação), que leva em conta os preços internacionais do petróleo, a variação do dólar, além dos custos que os importadores têm com os fretes rodoviários e marítimos, seguro da carga, armazenamento do produto e etc- um modelo de preço que é completamente predatório para um país que é produtor e refinador de petróleo, como o Brasil.