A série “Como me tornei comunista… filiado (a)” apresenta declarações dos personagens que fazem o Partido Comunista do Brasil, respaldado e coerente com as peculiaridades da sociedade brasileira. Neste artigo, o jornalista Carlos Pompe, que está fazendo aniversário nesta sexta-feira (23) conta um pouco sobre a sua história no PCdoB.

Modéstia à parte, sou do PCdoB, por Carlos Pompe

Eu era apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e morando no interior, Sorocaba (SP). Trabalhava na Companhia Nacional de Estamparia (Cianê), como digitador. Cursava o colegial e gostava de artes. Por essas e outras, além de ler muito, assistir muitos filmes, entrei num grupo de teatro.

Em 1974, Orestes Quércia foi eleito senador pelo MDB de São Paulo. Foi um respiro para a oposição à ditadura militar (eu era oposicionista por ser contra a censura e a favor da liberdade, mas não tinha formação política) e o partido formou a Juventude do MDB (JMDB). Essa entidade desenvolveu várias atividades culturais em Sorocaba, e eu participei. Nela conheci Miguel Trujilo, professor, filho de ferroviário e comunista do PCB. Foi ele que me apresentou o pensamento marxista. Fiquei empolgado e pedi filiação ao Partidão. Pouco depois, vários militantes do partido foram presos, inclusive Miguel, no final de 1975.

Tempos duros. Miguel havia me falado da Guerrilha do Araguaia e, mesmo militante do Partidão, criticava o caminho “pacífico” da organização, enquanto a ditadura não nos deixava em paz. A partir daí procurei acompanhar, com muita dificuldade, a política do PCdoB – que criticava o guevarismo e o esquerdismo (assim como o Miguel), mas defendia a luta armada, popular -, com a qual comecei a me identificar, mesmo sem acesso a nenhum documento.

Em 1977, com 20 anos, mudei para Curitiba (PR), onde comecei a trabalhar como jornalista e conheci militantes do PCdoB e tive, finalmente, acesso ao jornal A Classe Operária (mimeografado). Em maio desse ano, fui admitido como militante pela organização local, então dirigida pelo Fábio Campana.

Desde então, vivo a militância. Continuo um latino-americano (o tempo passa, já não um rapaz…), sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes, mas feliz por participar da luta do meu tempo e do meu povo. Num aspecto não sou humilde: tenho orgulho de ser do PCdoB!