Nascido em 1898, O Cavaleiro da Esperança deixou o mundo em 1990, sem deixar a história. Continua sendo referência de grandeza política para o movimento comunista internacional.

Para personalidades como Luiz Carlos Prestes convergiram todos os eventos épicos do seu tempo. Isso porque o século XX foi também a convergência de 500 anos de história iluminista, moderna e capitalista, que empurrou a humanidade à beira do abismo. No Brasil, Prestes chegou perto de cada um desses abismos e acendeu uma lanterna para não cairmos.

Raras são as personalidades que atravessaram o tempo testemunhando as transformações mais assombrosas que o homem moderno vivenciou. Mais raros ainda são os homens como Prestes que estiveram no epicentro destes terremotos e fizeram algo para enfrentá-los e atravessá-los vivo.

A tendência dessas biografias que vivem vidas épicas é deixar este mundo ainda jovens. São muitas variáveis para reduzir sua expectativa de vida. Apesar disso, Prestes chegou perto de completar um século de vida, apesar de ter comandado uma Coluna militar em 1924, uma frente nacional e democrática a partir dos anos 1930, um Partido Comunista, um levante revolucionário em 1935. 

Viu seu partido triunfar nas eleições e se fragmentar no revisionismo histórico e nas insuportáveis perseguições ditatoriais. Mesmo levando uma vida inteira de clandestinidade em fuga da repressão, prisões e torturas; mesmo vivendo a tragédia nazista, sendo atravessado por ditaduras e tendo criado os filhos longe, como soviéticos; Prestes chegou perto de virar o século. Partiu em 7 de março de 1990, junto com a repentina dissolução do regime socialista do Leste Europeu. 

Apesar de tantas travessias por mundos em ebulição política, nunca perdeu a referência da luta, quando tantos se perderam na neblina das ideologias. Sempre esteve do lado dos trabalhadores e sempre foi disputado como liderança por forças de esquerda. 

Aos 125 anos de sua passagem pela terra, olhamos para a história imaginando o que lideranças como ele pensariam das nossas lutas atuais. Como se posicionariam diante do movimento vertiginoso que a esquerda precisa driblar para sobreviver em meio a neofascismos, neoliberalismo, pós-verdade, lawfare, “primaveras golpistas” e fundamentalismos de todos os tipos.

O Cavaleiro da Esperança é uma personalidade forjada no seu tempo, mas sempre precisa ser lembrado pelos traços de coragem e ousadia diante do perigo das oligarquias, ditaduras e governos fortes.

Aqui, o Portal Vermelho aponta alguns lembretes de quem foi, do que fez e do que pensou Luiz Carlos Prestes nos 92 anos que esteve entre nós:

Por Cezar Xavier