A principal característica da conturbada transição em curso é o declínio relativo da superpotência estadunidense e a emergência de novos polos de poder econômico, político, diplomático e militar. O fenômeno mais representativo desta tendência é o protagonismo da China socialista como potência e a recuperação do poder nacional da Rússia, ambas atuando em parceria estratégica, e a existência do Brics (acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Acentua-se a disjuntiva entre o mundo unipolar – prevalecente no período do imediato pós-guerra fria, permanente ambição do imperialismo estadunidense – e a emergente multipolaridade. Esta disjuntiva, com potencial de gerar graves conflitos, faz parte das mudanças objetivas na correlação de forças internacional que decorre do desenvolvimento desigual das nações e de alterações econômicas e políticas que desembocam em uma nova configuração geopolítica internacional. Neste quadro, criam-se situações propícias à luta pela realização de projetos nacionais contra-hegemônicos.