Ao lado de largas parcelas de estudiosos do direito, o PCdoB considera que a Operação Lava Jato se constituiu em embrião de poder paralelo, instituindo o Estado de exceção em lugar do Estado Democrático de Direito. O protagonismo político autônomo da Lava Jato é indevido, fere o sistema de pesos e contrapesos entre os poderes da República e macula a legitimidade dos representantes eleitos pelo voto popular – entre os quais não estão integrantes do Judiciário ou da alta burocracia de Estado. O modelo de combate à corrupção que a Lava Jato quer impor agride a norma democrática ao condenar com base em delações premiadas sem necessidade de provas, abusar de conduções coercitivas e manter prisões preventivas por tempo indevido, violar garantias constitucionais como o direito ao devido processo penal e a presunção de inocência, além de promover recorrentes vazamentos seletivos. Outros setores do Judiciário em boa medida deixaram-se encurralar pela agenda política da Lava Jato, omitem-se em face de suas transgressões, o que compromete a isenção sem a qual não se faz justiça.