Segurança Pública, Exército e Segurança Partidária
Por Diego Guimarães Pereira*
O título remete a 3 temas bem distintos, mas intimamente ligados, e que estão na pauta do dia e também na preocupação da sociedade.
A Segurança Pública como mostram pesquisas recentes ainda é uma das principais preocupações dos brasileiros, junto a dados sobre aumento da violência e da criminalidade demonstram a necessidade de elaboração de políticas públicas para enfrentar essas dificuldades, a esquerda toda se absteve desse debate e abriu margem para discursos e políticas públicas a direita e sem soluções reais dos problemas. No PCdoB temos pouco acúmulo no tema e poucas propostas para o setor, o que abre um alerta para necessidade de ampliação desse debate, não podemos cair na armadilha maniqueísta; onde culpabilizam a PM pelos problemas sem apontar as soluções. É verdade que as PM’s estão sobre influências de discursos e ideologias de setores conservadores, e são hoje bases de apoio do bolsonarismo, mas nem todas pautas de Bolsonaro tem grande concordância nas corporações. A exemplo da liberação de armas sem restrições aos civis, que conta com apoio de apenas 10% dos policiais militares, os números diferem quando se trata de policiais civis que tem uma porcentagem ainda maior de recusa total do armamento da população. Pesquisas também apontam o esvaziamento de apoio ao presidente nessas categorias e ainda menor na Polícia Federal.
Cito esses dados para percebemos que mesmo entre os profissionais da segurança pública ainda temos margem para propostas e pautas mais avançadas e que solucionem de fato os problemas criminais no país. É claro que está não é uma tarefa fácil, é um setor com maior resistência, mas permitam citar Lenin em sua análise sobre a participação dos comunistas nos “sindicatos reacionários” onde ele distingue a ação política dos comunistas dos “esquerdistas”: “(…) a tarefa dos comunistas consiste em saber convencer os elementos atrasados, saber atuar entre eles, e não em isolar-se deles com palavras de ordem inventadas em nossa cabeça e infantilmente “esquerdista”.
Está tarefa no exército é ainda mais árdua a luta ideológica e o anticomunismo enraizado nos quartéis entre as mais variadas patentes tornam ideias progressistas mais difíceis de serem aplicadas. Bolsonaro apesar de suas falácias conseguiu em certa medida com promessas de favorecimentos e progressões salariais se fortalecer entre os militares. Porem é tarefa indispensável para manutenção da Soberania Nacional a participação dos comunistas, a política de quadros e de inserção em categorias precisa prever atuação nesses setores, não é possível um país soberano sem forças armadas fortes. É preciso enfrentar o debate sobre a valorização das carreiras militares e sobre nacionalismo, hoje deturpado pelo autocomando e pela elite Nacional, que se máscara de verde-amarelo, mas estão mais comprometidos com os norte-americanos do que com o Brasil.
Com todo esse cenário desfavorável e com ameaça constante de endurecimento do regime, de ameaças ao estado democrático de direito, pensar e planejar a segurança partidária é uma tarefa urgente, o partido e seus militantes correm riscos reais de existência formal e integridade física. Os comunistas não podem e não devem subestimar tais ameaças. Precisamos organizar nos comitês de base e de categorias comissões que discutam tais questões e pensem estratégias de existência e prevenções para tais ameaças. É necessário delegar responsáveis para tarefa nas mais variadas instâncias de direção, assim articular os debates de segurança pública e forças armadas para compreender e traçar estratégias de atuação nesses setores da sociedade.
*Profissão Agente de Segurança Metroviário. Base de atuação metroviários de São Paulo
Diretor do sindicato.