*Por Carlos Augusto (Patinhas)

Qual o conteúdo do “Revigoramento do Partido”?

A atual década coloca para os comunistas dois grandes desafios, derrotar o governo neofascista de Bolsonaro e ultrapassar  a  cláusula  de  barreira imposta pela atual legislação. O  projeto de resolução  destaca três focos visando  o desenvolvimento de uma linha de ação de massa renovada nas diversas  frentes de  luta,  coordenada e impulsionada  pela  estrutura  partidária tendo  como  polos  dinâmicos de  ação  os  Comitês Municipais (CMs), Comitês Distritais (CDs ) e suas Organizações de  Bases (OBs).

1º foco: Reforçar a atuação dos comunistas nos movimentos sociais tradicionais e nos de  novas formas  horizontalizadas  (coletivos de mulheres -UBM , da luta antirracista-UNEGRO, da luta pela livre  orientação social – UnaLGBT, na cultura, meio ambiente, de juristas etc.)

Coloca-se  como desafio  a  construção através  da  atuação dos comunistas nos movi– mentos sociais de uma base de massa politizada e mobilizável para batalhas eleitorais, por avanços democráticos e reformas estruturantes necessárias para a implementação de  um  projeto nacional   de   desenvolvimento  na   perspectiva   de  uma  sociedade socialista. Neste sentido, creio eu, que  a  campanha de Revigoramento do Partido tem sentido de longa duração com desafios próprios para cada fase da luta de classes.

2º foco: Imprimir  um salto  qualitativo  na  nossa  comunicação  digital  integrando as diversas ferramentas  e áreas de atuação no sentido de constituir um sistema nacional. Para  isto, precisamos  destacar  e qualificar  quadros para  esta  tarefa.  Ressalta-se  a  necessidade  de trabalhar a construção da imagem do Partido  para  o grande público com  uma  linguagem acessível  de  que  somos  um Partido  centenário  na  defesa   da democracia, dos direitos dos trabalhadores, defensor da  soberania do  Brasil e  de um  projeto de desenvolvimento que garanta conquistas sociais permanentes para o nosso povo ,que somos o Partido do socialismo.

3º foco: Emprenhar-se na construção de uma estrutura partidária junto ao povo com uma rede de organizações  de  base  “territorializada”, composta por militantes e filiados especialmente nas capitais e nos maiores municípios.

Revigorar o Partido  significa retomar num nível mais elevado, em todos os órgãos de atuação partidária, a aplicação das  diretrizes do 7º e 8º Encontros, isto é,  descer o centro de gravidade   de    nossa    atuação   para  os  CMs, CDs e OBs. Para isto, torna-se necessário  a elaboração de planos  de  trabalho  nas  diversas  instâncias partidárias,  com objetivos a serem alcançados a curto e médio prazos.

Segundo o nosso Estatuto,  os CMs podem constituir CDs, visando a estruturação  de  OBs. Nas capitais e municípios populosos  torna-se uma necessidade concreta para a  consolidação e expansão  da ação do Partido. Os CDs  podem ser de base territorial, de empresas, categorias, setores ou ramos de atividades, de universidades.

Nas  últimas  décadas houve uma migração muito grande para as capitais e maiores cidades. Segundo dados do IBGE, em 2019, 49 cidades com população superior a 500 mil habitantes  concentraram 32 % da população brasileira. São Paulo com 12 milhões, Rio de Janeiro com 7 milhões, Brasília com 3,1 milhões. Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus com população acima  dos  dois milhões. Na  periferia destas grandes cidades predomina a miséria, a fome,  o desemprego, milícias, drogas e o crime organizado. São barris de pólvoras cheios de conflitos. Precisamos organizar o Partido nestes  locais para junto com a população travar a luta de resistência pela sua sobrevivência.

Nestas   grandes  cidades  ressalta-se  a  necessidade de  territorialização  na  estrutura partidária. Nos  territórios  têm todas  as categorias onde atuamos nas frentes de massa. Inúmeras são  as  manifestações  de   violência  contra   a  mulher, de  raça e  opção sexual. O povo   resiste   com  suas    próprias   formas   de  organização,   de  solidariedade e luta  através de associações de moradores, grupos de jovens, culturais, times de futebol etc. A  constituição  de  CDs  nestas áreas possibilita uma ação coordenada pelo  núcleo dirigente em todas as frentes na perspectiva de formação de redutos eleitorais  e políticos  de   massa   sobre a influência dos comunistas. Possibilita  também   organizar   bases   nos   bairros , locais  de  trabalho e  estudo, assim como, a formação de  núcleos  da UJS, JPL, UBM, UNEGRO,  UNALGBT com uma atuação conjunta com as organizações locais já existentes.

É  prioritário para o nosso Partido a organização dos (as)  trabalhadores(as) nas  empresas,  categorias   ou  locais   de   moradia. Neste   processo  do 15º Congresso devemos avançar na organização dos(as) dirigentes sindicais, militantes e filiados(as)  em  organismos de base, como também com  os(as)   jovens  comunistas  que  atuam na  UJS,  JPL  em  bases  nas universidades , institutos  federais  buscando formar CDs com  professores, funcionários e pós- graduandos. Inicia-se   nestes   organismos   o   processo  de   transição   da vida militante do(a) jovem para o período  pós término de seus    cursos.  De   grande   significado    a  constituição da   CTB  Jovem  buscando  aglutinar  trabalhadores do mercado formal, informal e desempregados que merece a atenção dos comunistas nos estados.

Ganha centralidade no percurso do processo  de revigoramento das  fileiras partidárias um salto   na   aplicação da Política de Quadros  nos planos nacional e  estaduais. Neste sentido destacamos como foco  até  a Plenária  Nacional  em outubro:

1 – Reposicionar quadros visando fortalecer os plenos e  seus núcleos  executivos com maior grau de unidade política, ideológica  e de ação nos CEs e CMs, tendo   como foco as  capitais e maiores cidades, como também ,quadros para serem pivôs na construção de distritais e bases vivas, ligadas à  luta  do   povo  no dia a dia, com  pauta e agenda envolvendo a militância , filiados e amigos.

2 – A composição das novas direções em todos os níveis , deve levar em consideração  os critérios de renovação,  permanência   e  alternância   de funções, bem como, o  processo de integração de quadros  e filiados oriundos do PPL,  avançando na participação de quadros da   frente de trabalhadores,  juventude, mulheres, movimentos sociais, cultura e ciência.

 

*Membro do Comitê Central e Coordenador do Departamento Nacional de Quadros João  Amazonas.