O Partido e a teoria
Por Walter Oliveira*
O 15º Congresso do Partido se realizará em uma realidade nacional marcada pelo desmascaramento e isolamento do governo vende-pátria e antipovo, por mobilizações populares que se intensificam e por uma formidável vitória institucional do nosso Partido com a aprovação das federações partidárias já para o próximo pleito. Em suma, se no período anterior pagamos o ônus da ofensiva reacionária e anticomunista, agora, abrem-se boas possibilidades de colhermos os bônus.
Isso por si só impõe o revigoramento do Partido. O projeto de Resolução trata de vários aspectos indispensáveis para atingir esse objetivo. Mas para que todos eles sejam efetivados (itens 61 a 87) é fundamental acrescentar a necessária elevação do conhecimento científico do conjunto do coletivo partidário.
Sabemos que “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”, e Lênin enfatiza o entendimento de Engels que são três as formas na grande luta pelo socialismo: a política, a econômica (resistência aos capitalistas) e a teórica.
Os motivos principais que exigem uma revolucionarização no estudo do marxismo pelo Partido são: a) o ‘bolsonarismo’ é uma corrente fascista com raízes em setores das classes dominantes, dos aparatos estatais e do lumpesinato de todas as classes; está articulado com a extrema direita internacional e tem objetivos estratégicos. Assim, é necessário isolar e derrotar Bolsonaro e, depois, extirpar o bolsonarismo; b) o imperialismo estadunidense se transformou no principal inimigo da humanidade. Toda nação que resista ao seu domínio unipolar contribui para o avanço da luta social. Consequentemente, é Indispensável conhecer profundamente a natureza desse inimigo e seus métodos de atuação, porque ele tem submetido o Brasil desde o final da segunda guerra e permanece intervindo em todos os órgãos centralizados de poder do Estado; c) o mundo passa por mudanças não vista nos últimos cem anos e dentro dela se destaca o deslocamento do capital real para a Ásia e o predomínio do capital fictício no norte da América e na Europa; d) há um conjunto de forças políticas e partidos que se dizem de esquerda e até marxistas, com imensos equívocos, que influenciam o povo e as fileiras partidárias causando sérios prejuízos táticos e estratégicos à luta emancipacionista do povo brasileiro; e) as dificuldades insolúveis do império estadunidense e a divisão nas suas classes dominantes possibilita nova onda de luta pela soberania das nações e pelo socialismo.
Por tudo isso, se impõe ao conjunto do Partido (dos órgãos dirigentes às Organizações de Base) o estudo renovado, sistemático e organizado do marxismo. Para entender em profundidade o neoliberalismo é fundamental o estudo sistemático do “O Capital”, e, em especial, o entendimento de Marx sobre o Capital Portador de Juros. Além disso, é indispensável entender os conceitos de Nação e Estado Nacional Soberano no mundo de hoje. Os prejuízos causados pelo revisionismo na URSS, e que levou à sua dissolução, à luta emancipacionista e socialista no mundo são fatos históricos e são contrastados com a luta vitoriosa dos Partidos Comunistas que se mantiveram firmes no socialismo científico.
O socialismo científico confere ânimo renovado na militância e fornece instrumentos teóricos poderosos para se cumprir com zelo as tarefas próprias do socialismo científico. É ele quem deve orientar nossa propaganda e agitação, nossa luta de ideias, nossa luta econômica e política.
É indispensável introduzir no Projeto de Resolução o item 88, para tratar da luta teórica, porque sem ela todas as demais tarefas não alcançarão êxitos necessários.
O marxismo tem se comprovado como a ciência que melhor explica as contradições do capitalismo e a necessidade da sua substituição pelo socialismo. Pela própria característica internacional do socialismo, é necessário que os Partidos Comunistas em cada nação, aprendam com os erros e acertos não apenas de sua própria experiência como com os dos demais. O Brasil, nesse momento, tem dificultado a luta dos povos da América Latina; é necessário passar da vanguarda do atraso para a vanguarda do avanço. E para isso, o domínio do marxismo se mostrou indispensável.
*Membro da direção municipal do PCdoB de Porto Alegre-RS.