Como parte dos debates que compõem o 15º Congresso do PCdoB, o programa Olhar 65 desta quarta-feira (15), debateu a luta contra o racismo no contexto atual, marcado pela necessidade de isolar e derrotar Bolsonaro como passo fundamental para a reconstrução do país.

A live recebeu a deputada estadual da Bahia e secretária nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, Olívia Santana; a secretária da Mulher do partido na Bahia, Daniele Costa e o membro da direção nacional do PCdoB e editor do jornal Hora do Povo, Carlos Lopes. A apresentação coube ao secretário de Comunicação, Adalberto Monteiro, e ao jornalista Osvaldo Bertolino.

Ao iniciar sua fala, fazendo uma leitura do momento atual, Daniele Costa destacou que o presidente Jair Bolsonaro “é um dos líderes desses movimentos da extrema-direita no mundo. E o Brasil, que já foi a sexta economia, não está mais sequer entre as dez economias do mundo”.

Ela apontou que essas questões incidem diretamente na vida da população, e em especial dos negros e negras. “Aqueles que votaram nele apostando numa alternativa ao projeto implementado por Lula e Dilma também estão sendo impactados por um governo que não tem nenhum compromisso com as políticas públicas, não tem compromisso com o enfrentamento da pandemia. É um desgoverno, um despresidente que está implementando uma desdemocratização”.

Neste sentido, salientou o papel dos debates do 15º Congresso:  “é fundamental que o PCdoB mobilize sua militância para debater uma construção diferenciada e mobilize a esperança do povo”.

Luta antirracista

A deputada estadual Olívia Santana explicou que o fato de a sociedade brasileira ser multirracial é um aspecto positivo, “mas, por outro lado, temos o racismo que estratifica as pessoas”. Ela criticou visões segundo as quais a luta contra o racismo ou contra o machismo, por exemplo, estariam dividindo a classe trabalhadora. “É uma visão falsa da complexidade da realidade porque racismo e desigualdade de classe no Brasil são indissociáveis. Vivemos num país de 521 anos que durante quase 400 anos vivenciou relações de escravidão e mesmo quando houve a abolição, ainda houve um tempo em que aquelas relações continuaram, perpetuando o trabalho precário, o subemprego, a ideia de desvalorização da população negra como força de trabalho”.

Fazendo referência às teses em debate, lembrou que, dada a importância do tema para o país, “o PCdoB inclui na pauta do congresso a luta contra as múltiplas formas de opressão, identificando o racismo e o sexismo, que brota do patriarcado, como elementos fundamentais para combatermos, de maneira a conseguirmos uma sociedade de equidade, que seja capaz de construir igualdade material de direitos”.

Olívia colocou ainda que “Bolsonaro revirou o lodo que representa a elite escravista que nós, negras e negros, sempre sentimos a existência. Para muitas pessoas de classe média para cima, é como se isso fosse coisa do passado, mas não para a população negra, que ainda vivencia relações ‘modernizadas’ de escravidão”. E acrescentou: “há uma cultura, que foi sendo amalgamada, de desvalorização da força de trabalho negra em nosso país. Bolsonaro é defensor do legado escravocrata, representa esse legado e luta para a volta de tudo isso”.

Carlos Lopes apontou que o fato de termos um partido comunista no Brasil “é uma diferença essencial do ponto de vista da luta contra o racismo”. Ele destacou que “os negros são maioria no Brasil, então, na verdade, a luta contra o racismo é uma luta pela democracia, é uma luta pelo poder do povo sobre o país”.

Além disso, acrescentou, “a luta contra o racismo se choca fundamentalmente com esse fascismo que se instalou no país. E não é à toa que eles negam a existência do racismo; usam como argumentação geral a ideia de que, como não tem raça, não tem racismo. Mas é exatamente por não haver raça na espécie humana que o racismo é uma aberração”.

Ele destacou que “a luta contra o racismo se coloca na luta pela ampliação da democracia, é uma dimensão da qual, se fugirmos, amesquinhamos a luta do conjunto do povo brasileiro para o país se formar enquanto nação. Não vai existir uma nação propriamente dita no Brasil enquanto houver estigmas racistas”.

Participando por meio de mensagem gravada, o dirigente sindical da CTB, Ubiraci de Oliveira, salientou: “O povo negro não está fadado, apenas, a discutir suas especificidades. Tem que estar na vanguarda, junto conosco na luta por um Brasil livre, democrático e soberano, para acabarmos com as injustiças e com as desigualdades. Quanto pior for a situação do Brasil, pior será a situação dos negros. É preciso integra-los nessa luta para que a gente possa isolar e derrubar Bolsonaro e construir uma nova pátria”.

Assista a íntegra do programa

Por Priscila Lobregatte