A ampliação e o fortalecimento da participação política juvenil na luta contra Bolsonaro e pela reconstrução do Brasil foram alguns dos pontos centrais do 6º Encontro Nacional Partido e Juventude. O evento, que faz parte das ações relativas ao 15º Congresso do PCdoB, foi realizado virtualmente na sexta-feira (27) e sábado (28) e contou com a apresentação das teses feita pela presidenta do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos.

Ao todo, o encontro teve mais de 400 inscritos de 20 estados, especialmente militantes que atuam na UJS, JPL, na juventude da CTB e nas entidades do movimento estudantil, como Ubes, UNE e ANPG.

O Portal do PCdoB conversou com o secretário nacional de Juventude do partido, André Tokarski, para fazer um balanço da atividade. “O encontro foi vitorioso, bastante representativo e cumpriu o objetivo de mobilizar. Buscamos discutir especialmente o papel da juventude na luta para derrotar Bolsonaro e construir uma alternativa para o Brasil.  Neste sentido, a participação política da juventude tem sido muito importante desde o tsunami da educação, em 2019, e mais recentemente com a presença marcante nos atos pelo fora Bolsonaro”, explicou o secretário.

Ao mesmo tempo, o encontro se dedicou a envolver filiados e militantes desta faixa etária nos debates internos do 15º Congresso do PCdoB, a fim de contribuir com o fortalecimento do partido, revigorar a militância e preparar as comemorações do centenário. E por fim, destacou André, os debates também trataram da questão mais estratégica para os comunistas, “porque a luta pelo socialismo interessa muito à juventude, particularmente a juventude brasileira”.

A desigualdade e os jovens

André Tokarski lembrou que a ideia de juventude foi construída principalmente com o advento do capitalismo. “É nas sociedades capitalistas, urbanas e industriais que aparece o fenômeno social da juventude entendido como essa separação entre a infância e o trabalho, a idade adulta. E a juventude é marcada por essa preparação”.

Neste processo, as desigualdades ficam explícitas e no caso brasileiro, são ainda mais gritantes. “Os jovens das camadas ricas possuem acesso integral à educação de qualidade desde a primeira infância, preparação adequada para acessar profissões e postos de trabalho qualificados e bem remunerados. Por outro lado — e particularmente agora, com os efeitos da pandemia — a ampla maioria dos jovens brasileiros, filhos da classe trabalhadora, das camadas populares, sofrem já  na primeira infância com a negação de direitos, desde o acesso à creche, à educação em tempo integral, à formação fundamental e média até o acesso ao ensino superior, que ainda é pequeno”.

Além disso, André acrescentou que “a juventude é que mais sofre com a atual situação econômica do país. A taxa de desemprego nessa faixa alcança quase 40%, portanto, a juventude é a grande interessada nessa luta estratégica para pôr fim às desigualdades e construir um país digno para todos”.

Juventude transformadora

A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, fez a apresentação das teses do 15º Congresso do partido durante o encontro. “A juventude é uma força propulsora das transformações que Brasil necessita e uma das colunas estratégicas do nosso trabalho partidário”, destacou.

Luciana acrescentou que “o capitalismo não dá perspectiva para a juventude. E no Brasil, vivemos um contexto de crises múltiplas que só ampliam ainda mais o fosso de desigualdades que atingem em cheio a juventude”.

A dirigente salientou que hoje ganha centralidade a luta “para pôr fim ao projeto autoritário de Bolsonaro e para construir saídas para as graves crises em que o Brasil está mergulhado. Ao mesmo tempo, a gente trava intensa luta política com vistas a superar os dilemas que as restrições democráticas impõem ao nosso pleno funcionamento. Por isso, temos dito que temos dois focos: desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro e buscar saídas para a nossa luta institucional”.

Neste cenário, Luciana reafirmou que o PCdoB vem defendendo “a união de amplas forças, de todos e todas que defendem a vida, a democracia, para barrar essa estratégia autoritária de Bolsonaro e abrir caminho para a reconstrução nacional”.

Quanto ao método bolsonarista de poder, destacou: “o caráter autoritário do seu projeto procura sempre levar as instituições ao impasse, ao limite, ele não recua em sua estratégia. Joga com o caos e com a instabilidade. Ao mesmo tempo, busca cooptar e ganhar nacos da estrutura do Estado, principalmente nas polícias e nas Forças Armadas e claro, tem como esteio basilar o mercado financeiro”.

A análise racional dos fatos, diz Luciana, “indica que Bolsonaro não tem apoio político, econômico, social e nem militar para dar um golpe. Contudo, essa escalada retórica e as ameaças são uma estratégia para dissipar a energia dos opositores e, embora a gente ache que, racionalmente, não há ambiente para isso, não podemos subestimar, nem baixar a guarda. Temos que reagir com força, defendendo a democracia”.

Sobre o papel do PCdoB especialmente neste contexto, Luciana apontou: “Somos uma força indispensável à democracia. No Brasil, a vitória de um projeto democrático para o país em 2022 precisa dos comunistas, em plena representação institucional, no espectro partidário. Vamos lutar decididamente para superar as atuais restrições democráticas, mudar a lei eleitoral, defendendo o pluralismo democrático, que foi consagrado na Constituição, e assegurar nossa representação institucional”.

Assista abaixo as apresentações de Luciana Santos e André Torkarski durante o encontro.

 

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Por Priscila Lobregatte