A Comissão Nacional de Organização do PCdoB (CNO) realizou um encontro com representantes dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro nesta quinta-feira (16). Na pauta, um balanço das ações de construção do 15º Congresso partidário e como intensificar esses trabalhos a um mês da realização do evento. A reunião, realizada por videoconferência, faz parte de uma agenda de reuniões setoriais que estão sendo realizadas com todas as regiões do Brasil.

A reunião foi conduzida pelo secretário nacional de Organização do PCdoB, Fábio Tokarski. Também participaram da videoconferência os secretários, Ricardo Alemão Abreu, Administração e Finanças e Neide Freitas, de Planejamento. Além do secretário adjunto de Organização, Márcio Cabreira.

Contexto de realização do 15º Congresso

“Queremos trocar ideias das experiências de realização do Congresso neste contexto”, declarou Fábio. “Bolsonaro tentou o golpe e não deu certo. Não conseguiu tirar o governo do isolamento que entrou. Vimos uma crise política que caminha para uma crise institucional entre os poderes. A direção está empenhada na luta pelo Fora Bolsonaro daí a importância desses atos do dia 2 de outubro e do dia 15”, destacou Fábio.

Ele lembrou que o Congresso está sendo construído em um contexto de crises, que atingiu quadros do PCdoB. “Perdemos muitos militantes na pandemia. É uma crise sanitária, uma crise hídrica, de energia e os preços subindo, a inflação subindo. Tudo isso condiciona a realização desse Congresso”, analisou. De acordo com ele, a cerca de um mês para a realização do congresso partidário ainda é possível qualificar mais o debate. “Militante desgarrado está fora do combate. Nosso objetivo é estimular o coesionamento e direcionar mais quadros para a luta junto ao povo”.

Federação

O debate da tramitação do sistema eleitoral no Congresso Nacional e particularmente, sobre a federação partidária, foi tema levantado nos informes na reunião. Os vetos de Bolsonaro podem ser apreciados na terça-feira (22). Aprovada com ampla margem na Câmara, são grandes as perspectivas de derrubada dos vetos. “Essa conquista que está próxima de se alcançar pode ser um mote de mobilização nesta reta final do nosso congresso. Acho que devíamos incendiar o partido com essa notícia como motivador político”, sugeriu Ricardo Alemão.

Rio Grande do Sul

A próxima semana é um período decisivo para a definição das conferências municipais no Rio Grande do Sul contou o presidente do PCdoB no estado, Juliano Rosso. O objetivo dos dirigentes locais é atingir 77 conferências em um cenário de anticomunismo e radicalização política, como apontou.

“As pessoas têm medo de ir pra rua enfrentar Bolsonaro”, afirmou. Segundo Juliano Rosso, esse contexto político inibe uma parte da base e combinada à pandemia e ao alto desemprego impõe dificuldades para a realização do Congresso. Da mesma forma a incerteza em relação a concretização da Federação também compromete as articulações do partido.

De outro lado, Juliano lembrou que um novo cenário que se configura em torno da possibilidade de que é possível derrotar Bolsonaro pode animar a militância. “Para o dia 2 de outubro nove partidos aderiram à ideia de frente ampla. O PCdoB tem muita participação na organização da luta contra Bolsonaro”.

Dirigentes do comitê estadual do PCdoB-RS também participaram da reunião. De acordo com Erico Michel, a conjuntura política traz a sensação de “nadar contra a maré”, porém, ele acredita que o processo de conferência promove uma “energia melhor”. Está na agenda uma atividade com a presidenta do PCdoB, Luciana Santos, para movimentar a militância no estado. Até o momento foram recadastrados 556 militantes sendo que, deste total, 241 são de Porto Alegre. Na capital gaúcha e em Caxias, as plenárias de base têm sido mais frequentes. Segundo Erico, há dificuldades em reunir as bases no interior do estado. A Conferência Municipal de Porto Alegre está marcada para o dia 25 de setembro. Ele também mencionou a dificuldade no recadastramento, o que tem levado dirigentes a irem pessoalmente a casa do filiado para completar o cadastro.

Silvana Conti, definiu como estratégica a unificação da CTB e da CGTB. “A gente vem fazendo a construção da unidade com Frente Brasil Popular, Povo Sem Medo e Fórum das Centrais Sindicais”, afirmou. “A meta é cumprir bem a tarefa, buscar unificar cada vez mais os movimentos. Ter protagonismo nas redes e nas ruas e chegar aos 100 anos maior, com maior musculatura”.

De acordo com Éder Pereira, o movimento sindical tem avançado com a participação na construção das plenárias assim como no debate do projeto do PCdoB para o Brasil. Ele citou a plenária ampliada de trabalhadores, de 2 de setembro, que debateu as teses do Congresso e que envolveu todo o Estado. Os convidados foram Nivaldo Santana, secretário sindical do PCdoB, e Márcia Campos, secretária adjunta nacional da Mulher do PCdoB. “O esforço dos sindicalistas em participar das plenárias vai se expressando na participação desses dirigentes compondo as direções que se renovam nas conferências”.

Minas Gerais

Presidente estadual do PCdoB de Minas Gerais, Wadson Ribeiro, acredita que a partir deste momento a mobilização no estado vai ganhar mais fôlego na preparação de conferências para o 15º Congresso. De acordo com ele, o momento é marcado pela iminente derrubada dos vetos do projeto de Federação Partidária e também pela unificação das forças de oposição fortalecendo o processo de impeachment.

“Em Minas estamos procurando fortalecer um conjunto de cidades. A tendência é manter a lógica dos últimos três anos atuando nos 120 municípios, que são maiores, incluindo os que tem mais de 200 mil eleitores. O importante é chegar ao fim e ao cabo desse processo tendo alcançado todos esses municípios” afirmou Wadson. A mobilização do PCdoB tem atingido todas as regiões do estado, entre elas o norte de Minas, Vales do Rio Doce, Aço, o sul de Minas, Jequitinhonha, Mucuri, Zona da Mata e Centro-Oeste.

O PCdoB de Minas Gerais marcou 87 conferências e realizou até o momento quase 40. A informação é de Richard Ferreira Romano, secretário de Organização do PCdoB de Minas, que destaca as cidades de Betim, Uberlândia e Montes Claros como municípios que realizaram bons debates com expressiva mobilização. “Das 9 cidades com mais de 200 mil eleitores no estado só não vamos conseguir fazer conferência em Governador Valadares”, observou Richard. Segundo ele, o resultado das plenárias e reuniões de base naquelas cidades comprovam um bom trabalho de coordenação do PCdoB.

Flávio Rodrigues, que é secretário de Organização do PCdoB de Betim, afirmou que o processo de conferência estimulou a reestruturação de bases e coletivos no município. A direção do partido no município tem realizado inúmeras filiações, as mais recentes foram 23 pessoas da educação infantil. “É um esforço coletivo de educação revolucionária e que continua após a conferência. O partido só sobrevive se têm uma vida orgânica consistente junto às massas”.

Jô Moraes afirmou que a maior conquista da militância na construção do Congresso em Belo Horizonte foi a inclusão digital. De acordo com ela, o partido incentivou que cada militante aprendesse a usar o celular para participar das reuniões remotas. Para Jô, a mobilização em torno do Congresso tem ajudado o partido a se rearticular em BH. Nas últimas eleições o PCdoB perdeu a vaga na Câmara que há 35 anos era ocupada pelo partido. “Temos oito regiões onde temos realizado plenárias e reuniões. Foram 14 reuniões em torno de coletivos. Estamos concentrados na busca do protagonismo de cada militante no seu território. Realizando um esforço para que cada um saiba o que vai fazer no seu bairro”.

PCdoB Digital

Neide Freitas destacou a capacidade de sobrevivência dos comunistas. Reiterou que o momento é de se preparar, animar o partido e fortalecer as direções. “Em um momento que não é simples nossos dirigentes, nossos quadros têm demonstrado capacidade de sobreviver e manter o partido organizado”, afirmou. Sobre o PCdoB digital, Neide lembrou que para entrar na plataforma, o filiado precisa ter os seus dados de acesso assim como pedem a maioria das redes sociais. “Depois que esse filiado tiver login e senha e estiver dentro da nossa rede podemos melhorar a plataforma e oferecer produtos para esses militantes”. Ela citou como exemplo, um clipping de notícias que pode ser disponibilizado para o militante. Neide complementou que o esforço do partido é que a plataforma seja um facilitador na vida do militante.

José Carlos Areas, lembrou que para superar a dispersão o partido precisa conhecer os militantes. “O PCdoB Digital é um salto de qualidade na nossa organização”. Cora Chiapetta afirmou que o PCdoB Digital precisa ser valorizado. “O partido é muito ousado neste aspecto que consegue implementar um sistema que integra organicamente a militância inteira”. Cora sugeriu aprimoramentos na navegação da plataforma.

Política de Quadros

Carlos Augusto Patinhas, coordenador nacional do Departamento de Quadros do PCdoB, lembrou que o partido tem história nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. “Jandira, Manuela, Jô e Wadson são lideranças consolidadas”. Ele também reforçou a impressão de alguns dirigentes presentes à reunião de que o Congresso “só pega gás na reta final”.

Patinhas está otimista em relação à expectativa para o Congresso realizado em um contexto único e que não permite comparação, segundo ele. “Dentro desse contexto político atual de retrocesso é que vamos examinar o resultado do Congresso. Eu tenho a impressão que este Congresso vai atender às expectativas. A proposta de frente ampla vai se reforçando, tem um debate mais qualificado, nunca fizemos um debate com tantas pessoas, o que foi possível com os encontros virtuais”.

Ele elogiou a maior preocupação do partido com as estruturações de bases e a estruturação de comitês distritais nas maiores cidades. “Isso não é pouca coisa”. Patinhas sente que há um avanço na aplicação da política de quadros, que começa a ser mais assimilada. “É preciso formar direções com maior grau de unidade política e situada com o atual momento desde as organizações de base para desencadear o processo de revitalização do partido”, completou.

 

Por Railídia Carvalho