d) Por falar em Bolsonaro e outras variantes do neofascismo liberal, como o MBL e parlamentares reacionários apoiados em comunidades religiosas, é importante que reconheçamos logo a ineficácia da tática que geralmente tem sido aplicada para combatê-los. A esquerda e setores liberais ao centro e à direita têm concentrado forças em contra-atacá-los na arena das pautas morais e identitárias. Por mais que seja importante termos posições contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia, além de nos posicionarmos solidariamente a artistas, professores e outros que têm sido alvo dos fascistas, é preciso enfrentá-los nas arenas em que seus discursos realmente os fortalecem, apesar de não apresentarem soluções reais para esses problemas: segurança pública e questão nacional. As pesquisas de opinião demonstram que a criminalidade ocupa cada vez mais o centro das preocupações do eleitorado em geral. No que tange aos eleitores do Bolsonaro em particular, uma pesquisa qualitativa encomendada pelo Valor Econômico demonstra que não dão importância alguma às declarações preconceituosas, intolerantes ou pró-tortura do candidato. Estas pautas são para manter a esquerda e os liberais do centro à direita distraídos. O que move o eleitor médio do Bolsonaro é a ideia de que com seu “pulso firme” ele pode acabar com (ou manter sob controle) o crime e a corrupção (http://www.valor.com.br/politica/4992164/eleitor-de-bolsonaro-nao-leva-suas-opinioes-ao-pe-da-letra-diz-estudo). Precisamos demonstrar que são falsas as soluções apresentadas pelos fascistas – e a elas precisamos contrapor propostas mais concretas e convincentes do que a desmilitarização da polícia. Para além disso, da palavra de ordem “meu Partido é o Brasil” entoada pelo MBL à renomeação do PEN para “Patriotas”, percebe-se como a esquerda tem dado pouca atenção à questão nacional enquanto a bandeira do Brasil é cada vez mais identificada com os elementos mais apátridas da sociedade. A prisão preventiva do Almirante Othon e o processo que continua após sua libertação deveria mobilizar grandes campanhas de solidariedade a ele e de oposição ao caráter anti-nacional da Operação Lava Jato, no que poderíamos atrair tanto segmentos militares quanto setores produtivos da burguesia para a Frente Ampla, em torno do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Mas o melhor que a esquerda está conseguindo produzir é um saudosismo aos anos em que Lula e Dilma governaram, carente de autocrítica e de um debate de nível mais elevado sobre um projeto de desenvolvimento para o país;

Por André Queiroz*

e) Pode-se argumentar também que o Governo de Flávio Dino é um dos mais bem sucedidos atualmente, tem gerado desenvolvimento econômico e melhorado a qualidade de vida dos trabalhadores no Maranhão, tudo isto com base em uma ampla aliança. E o PCdoB é o partido que mais tem crescido no Maranhão, mostrando que em alianças com diferentes classes e frações, com setores de diferentes espectros políticos, o que garante a o avanço rumo a nosso projeto é mantermos um núcleo sólido de esquerda e disputarmos a hegemonia na sociedade. Para que o pacto seja possível, tanto as massas trabalhadoras quanto os setores produtivos devem ter algo a ganhar, e as frações burguesas e pequeno burguesas que dele fizerem parte devem contar com a capacidade de a esquerda mobilizar segmentos populares em apoio a seu projeto. Mas ao contrário da experiência do lulismo, que tratou de distribuir ganhos também ao capital financeiro (o que foi possível no contexto de elevação dos preços dos commodities), há setores da economia que precisam ser enfrentados. A amplitude não pode ser tanta ao ponto de tentar abarcar setores claramente anti-nacionais, como são os grandes bancos privados;

f) Os obstáculos à Frente Ampla devem ser apontados para que nós os superemos, não para justificarem a não aplicação da tática do Partido, que está correta.

*Membro do Comitê Municipal e da Organização de Base dos Bancários do PCdoB em Uberlândia MG