Como parte do processo de debates promovidos pelo PCdoB no âmbito do 15º Congresso, foi realizada, na noite desta quarta-feira (20), edição do programa Olhar 65, transmitido pelas redes sociais do partido, com a presença do vice-presidente e secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Walter Sorrentino. Em pauta, aspectos da geopolítica mundial e a situação do Brasil, abordados no projeto de resolução ao 15º Congresso, com foco especial no declínio dos EUA e na ascensão da China socialista. O programa contou ainda com as participações do secretário de Comunicação, Adalberto Monteiro, e do jornalista Osvaldo Bertolino.

Ao iniciar sua análise, Walter Sorrentino falou sobre o contexto nacional marcado pela pandemia e pelo governo de extrema-direita de Bolsonaro. “Como cidadão, vejo com muita dor e luto a tragédia da Covid-19 e das condições de vida do povo, que vão piorando a cada dia. De fato, o boicote do governo federal ao enfrentamento à pandemia é um desses casos que vão entrar para a história”, declarou.

Apesar disso, apontou o dirigente, “conseguimos, entre as forças progressistas e democráticas, criar um quadro de referência comum, unitário, que eu poderia resumir como sendo a compreensão clara de que a crise é o governo. Enquanto perdurar este governo, nossa democracia estará ameaçada, os interesses e o patrimônio nacionais e assim por diante. As ações de frente ampla na sociedade civil, nas ruas, nas instituições, são crescentes e convergentes. Acho que este é um grande trunfo para que a gente possa apresentar ao povo brasileiro uma palavra de esperança”.

Walter destacou que a marca central deste momento é a do isolamento e do enfraquecimento progressivo de Bolsonaro. “É uma luta prolongada, mas temos claro de que o caminho é esse: isolar, encurralar Bolsonaro e acumular forças para o impeachment ou sua penalização pelo STF”. O dirigente acredita que “Bolsonaro não tem força suficiente para dar um golpe nesse momento, embora ameace bastante” e salientou que a experiência histórica brasileira mostra que “não vai acontecer nada se nós não tivermos grandes manifestações de rua não só com os movimentos sociais; temos que trazer também o povo sofrido com a carestia, com o custo do gás, da energia, com a fome e o desemprego”.

Contexto internacional

Quanto ao cenário internacional, Walter explicou que “nem todo mundo enfrentou a pandemia do mesmo modo. Ficou evidente que os países que detiveram maior capacidade de investimento público e social e de regulação pública das áreas envolvidas com a Covid-19 saíram melhor e mais rapidamente”, disse, citando o exemplo da China.

Assim como apontado no projeto de resolução, Walter salientou que “a mais marcante tendência da atualidade é a de um mundo em transição. O sentido principal disso, embora não único, é o declínio relativo dos EUA e a emergência de novos polos de poder econômico de países que são da antiga periferia ou semiperiferia do sistema internacional, tanto capitalistas quanto socialistas. Do ponto de vista da matriz teórica, isso deriva da dinâmica do desenvolvimento desigual do capitalismo e isso vai minando a hegemonia dos EUA”.

Com relação à emergente e crescente multipolaridade no cenário mundial e ao multilateralismo nas relações entre os Estados que vão em busca de seus projetos nacionais de desenvolvimento, Walter apontou como fenômeno mais representativo o protagonismo da China sob orientação socialista e, por outro lado, a recuperação do poder nacional da Rússia. “Vamos viver uma crescente disputa entre EUA e China, que já é a principal tensão hoje na geopolítica, com acelerado agravamento”.

O dirigente colocou que “a marca principal, a mais decisiva, é que o objetivo central estratégico dos EUA é conter a todo custo a China para recompor o dinamismo da sua economia e reverter esse declínio”.

Confira a íntegra da entrevista:

Por Priscila Lobregatte

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