15º Congresso: Sindicalistas se unem em defesa da classe trabalhadora

O programa Olhar 65, especial sobre o 15º Congresso do PCdoB, recebeu nesta quarta-feira (4), os presidentes nacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, e da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira. Em pauta, o projeto de resolução do partido, com um foco especial nas questões relacionadas às perdas impostas à classe trabalhadora nos últimos tempos e à luta contra Bolsonaro.
A live é comandada pelo secretário nacional de Comunicação do PCdoB, Adalberto Monteiro e conduzida pelo jornalista Osvaldo Bertolino.
Ao abrir sua participação, Bira ressaltou o momento dramático que o povo brasileiro está vivendo. “Aumenta o número de pessoas morando debaixo da ponte, um desemprego que eu falo em 70 milhões, somando desempregados, subempregados, na economia informal, e desalentados. Além disso, estamos diante de um quadro econômico em que milhares de empresas fecharam as portas, fruto da política econômica neoliberal. Acho que as oposições, neste momento, têm a responsabilidade de tirar o país dessa situação”, disse Bira.
Ele acrescentou os mais de 560 mil mortos pela Covid até o momento “pela irresponsabilidade do governo Bolsonaro, negacionista, contrário à ciência, um espalha-vírus, um elemento que não gosta do povo, do trabalhador, do país e virou as costas para o Brasil”.
Necessidade da frente ampla
O dirigente da CGTB apontou ainda que “as oposições precisam estar atentas para a grande importância que tem, neste momento, juntar todo mundo que é contra o Bolsonaro, sem picuinha. Todos que se colocam contra o Bolsonaro cabem nessa luta que chamamos de frente ampla”. Ele lembrou que “já fizemos isso contra a ditadura, na anistia, na Constituição e vencemos todas”, acrescentando que “é fundamental ampliar porque o povo não aguenta mais”.
No mesmo sentido, Adilson, presidente da CTB, salientou: “estamos diante de uma tarefa de grande envergadura que vai exigir muito do povo brasileiro e, sobremaneira, da frente democrático-popular. O nosso congresso, o 13º, foi ambientado sob a insígnia avançar nas mudanças. E é verdade que encerramos 2014, um ano após o nosso 13º Congresso, atingindo um patamar de 4,3% de desemprego, uma das menores taxas do mundo. Todavia, o mais difícil a ser alcançado — a reeleição da presidenta Dilma Rousseff — não foi suficiente para dar um novo curso. E a partir dali a gente começa a enfrentar um conjunto de dificuldades”.
O dirigente sindical explicou que o ciclo mudancista inaugurado por Lula foi “encerrado com um conjunto de avanços sociais, sem que, contudo, a gente tivesse estabelecido as reformas estruturais de base”. Adilson argumentou que a necessidade de desmascarar, isolar e derrotar Bolsonaro é “uma batalha épica, de grande repercussão e que, dada a engenharia do tempo presente, teremos de ter a capacidade de fazer uma grande articulação com a classe trabalhadora, que segue sendo bombardeada. As fake news, as mentiras, as subjetividades advindas das novas possibilidades de mudanças radicais que afetam o local de trabalho e a asfixia do movimento sindical revelam que nós não teremos respostas fáceis para estas questões que são complexas”.
Bolsonaro e a crise do capitalismo
Conforme analisou Adilson Araújo, “Bolsonaro é parte de um contexto político; a crise global do capitalismo fez ascender o fascismo, essa onda conservadora que conseguiu alcançar espaço pelo mundo. Convivemos, em nosso continente, com um agudo processo de restauração neoliberal”.
No contexto brasileiro, o presidente da CTB apontou que a tragédia atual “não decorre única e exclusivamente da pandemia. O “pré-coronavírus” já apontava um conjunto de insuficiências. O governo fez uma reforma trabalhista regressiva; o desemprego cresceu; aumentou a desigualdade; a opção por uma emenda constitucional que contingenciou recursos para a saúde, a educação, para estados e municípios, são fatores que criaram um ambiente de dificuldades e a medíocre tecnocracia asfixiou o Estado porque o limite dos gastos está acima de tudo e de todos. Com isso, assistimos o Brasil agonizar”.
Segundo Adilson, o governo federal demonstrou até agora que não há disposição de dar curso a uma nova orientação macroeconômica ou programa de investimentos. O governo Bolsonaro não teve e não tem mostrado ações no sentido de gerar empregos, ofertas de crédito, por exemplo, frente à crise, indicativo de uma saída pós-pandemia.
Bira, presidente da CGTB, acrescentou que “Bolsonaro reduziu o auxílio emergencial para 150 reais, pegou mais de 1,2 trilhão de reais e repassou aos bancos, como se banco desse dinheiro para todo mundo; ficaram regulando, colocando dificuldade para soltar o dinheiro etc. E enquanto isso a pandemia ia avançando. Além de não dar subsídio para micro, pequenas e médias empresas, ainda cortou o auxílio emergencial; isso é para causar o caos”. Ele salientou que “o povo trabalhador é o que mais sofre e é quem está morrendo”.
O papel do 15º Congresso
Adilson Araújo apontou que “o caminho para o movimento social ascender, ocupar seu espaço é politizar a classe trabalhadora. Nossa classe trabalhadora, de algum modo, foi beneficiada por um processo de mudanças, mas ficou devendo. A via pura e simples do consumo não foi capaz de politizar os trabalhadores”.
Neste sentido, destacou a importância dos debates colocados no 15º Congresso, recordando que “o 14º Congresso, em novembro de 2017, já indicava como caminho para a luta de resistência a construção de uma frente ampla em defesa da democracia, da soberania, do desenvolvimento e do progresso social. Isso ainda é muito atual”.
Ele salientou que “a gente se distanciou das massas trabalhadoras, do povo e a gente precisa ver como vai encarar os desafios deste novo tempo político”. O PCdoB, disse, “é a cara do povo, mas a gente precisa falar mais com o povo. Esse congresso se ambienta num contexto de inovações, de provocar novas situações”.
Adilson Araújo acrescentou que “o 15º Congresso nos permitirá colocar a necessidade de apresentar um programa de reconstrução do país. Esse é um alicerce fundamental para que a gente possa se aproximar mais da classe trabalhadora que perdeu e hoje é vítima do desemprego, da informalidade, do menosprezo, da falta de vacina, do negacionismo e dessa tragédia social que se abate sobre o povo brasileiro”.
Para Bira, é “muito importante que os dirigentes, os quadros intermediários, os núcleos de base se apropriem profundamente da plataforma emergencial, das diretrizes para o desenvolvimento”. Ele colocou que “o 15º Congresso vai aumentar nossas consciências” e que “precisamos ter, como questão central, derrubar o Bolsonaro através da frente ampla para que a gente possa eleger outro presidente, baseado num novo programa. Não podemos permitir que essa política neoliberal siga prejudicando os trabalhadores e a nação”.
Assista a íntegra do programa:
Leia aqui os documentos do 15º Congresso
Por Priscila Lobregatte