A Plataforma Emergencial e de Reconstrução Nacional proposta pelo PCdoB foi o tema da edição do programa Olhar 65 especial sobre o 15º Congresso, veiculado nesta quarta-feira (11). O documento foi abordado pelo membro da Comissão Política Nacional do partido, Nilson Araújo, relator da plataforma. O programa é conduzido pelo secretário nacional de Comunicação, Adalberto Monteiro, e pelo jornalista Osvaldo Bertolino.

Ao iniciar o programa, Adalberto destacou a trajetória e o papel desempenhado na luta da classe trabalhadora pelo dirigente comunista e sindicalista Wagner Gomes, falecido na terça-feira (10), vítima de infarto. “Fica registrada a nossa homenagem ao legado desse grande brasileiro, dessa grande liderança dos trabalhadores. Com certeza, o exemplo de luta que o Wagner nos deixa alimentará e impulsionará as novas gerações de revolucionários e de comunistas do nosso país. Wagner Gomes presente hoje e sempre!”, enfatizou Adalberto.

Isolar e derrotar Bolsonaro

Na abertura dos debates, Nilson Araújo tratou da necessidade de “isolar e defenestrar Bolsonaro”, o que depende de uma frente ampla “que já vimos construindo há bastante tempo”. Mas, para além disso, destacou a importância de haver uma proposta com medidas a serem tomadas. “Não basta derrotar e tirar o Bolsonaro. Temos de ter uma série de medidas para manter a economia funcionando, reconstruir o país e fazê-lo voltar a se desenvolver”, disse, ressaltando o caráter da plataforma elaborada pelo PCdoB.

O dirigente apontou que “o Brasil está vivendo uma verdadeira tragédia humanitária, particularmente nas áreas social e sanitária. Isso se manifesta na quantidade de pessoas que tiveram suas vidas ceifadas pela Covid, 565 mil pessoas, e 20 milhões foram contaminadas”.

Ele lembrou que o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, fez estudo “mostrando que se tivesse sido adotada uma política semelhante à da média dos demais países, 80% das pessoas falecidas até aquele momento poderiam ter sido salvas, 400 mil vidas poderiam ter sido salvas. E por que não foi adotada uma política adequada? Porque o presidente da República não só é obscurantista, negacionista e fascista, mas também porque pretende dar um golpe no país e quer criar clima favorável para isso”.

Além disso, Nilson salientou o alto índice de desemprego como fator que agrava a pobreza e a miséria. “Um terço da força de trabalho está fora do mercado, sem considerar os informais”, disse. Outro aspecto colocado pelo dirigente é o desmonte do Estado promovido por Bolsonaro, “não só do ponto de vista político, das definições democráticas do Estado, na busca por mecanismos para endurecer e tornar mais autoritárias as ações do Estado, mas também do ponto de vista econômico”, disse, apontando o desmonte das empresas estatais, das universidades, da ciência e a tecnologia e da cultura como graves ataques ao país.

Resgatar o trabalho

 

Dentre os pontos destacados durante o debate e contidos na plataforma no âmbito das medidas emergenciais está o resgate do trabalho como centro do desenvolvimento. “Partimos da ideia de que temos uma crise profunda e sendo assim, as medidas emergenciais não podem ser cosméticas, tópicas. Crises estruturais só se superam através de mudanças estruturais”, explicou.

Neste sentido, citou medidas mais imediatas como o auxílio emergencial de R$ 600, vacina para todos, vigilância epidemiológica e a necessidade de equipar e tornar a gestão do SUS cada vez mais pública e remontar o complexo industrial da saúde. No que tange ao trabalho, destacou a recriação do Ministério do Trabalho como órgão voltado para as necessidades da população nesta área; duplicar o salário mínimo em quatro anos; revogar a reforma trabalhista; garantir salário igual para trabalho igual, entre outras medidas que permitam melhorar as condições de vida do trabalho e gerar emprego.

Como forma de criar empregos, ressaltou, entre outras medidas importantes, a redução da jornada de trabalho; a adoção de programa de infraestrutura urbana, retomando obras paradas e lançando obras de qualidade e a reindustrialização do país, começando pelo complexo industrial da saúde. Além disso, colocou, “o Estado tem que adotar programas específicos de geração de emprego. É preciso colocar como meta gerar ao menos 21 milhões de empregos para poder incorporar a grande massa que está fora do mercado”. Nilson salientou que é preciso “retomar a esfera produtiva como elemento fundamental do desenvolvimento econômico, que gera emprego, renda, riqueza e faz a economia crescer”.

Forças Armadas

Outro ponto abordado foi o uso indevido das Forças Armadas pelo presidente da República. “Bolsonaro se aproveita de uma circunstância específica, que é o fato de haver bastante militar no governo, mais de 6 mil, para tentar converter as Forças Armadas no partido do presidente, como se fossem uma instituição de governo e não de Estado”. Nilson apontou que “quanto mais ele aproxima as Forças Armadas de ações diretas de seu governo, mais ele as desgasta”.

Nilson explicou que a plataforma coloca a necessidade de resgatar o papel histórico das Forças Armadas. “O Brasil tem riquezas incomensuráveis que são objeto de cobiça internacional, então as Forças Armadas têm que defender a integridade territorial e o país de eventuais agressões externas”, apontou.

Assista a íntegra do programa:

 

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Por Priscila Lobregatte