15º Congresso: É necessário fortalecer a luta pelos direitos da mulher

Na edição desta quinta-feira (5) do programa Olhar 65, especial sobre o 15º Congresso, o tema a emancipação das mulheres hoje e a necessidade de fortalecer a luta pelos direitos femininos, com as participações da secretária nacional da Mulher do PCdoB e ex-senadora Vanessa Grazziotin, e da secretária adjunta Márcia Campos.
A live tratou de temas como o papel da mulher na sociedade, a luta por mais espaços de poder, a participação política e como a crise atual afeta especialmente a parcela feminina da população. O programa é conduzido pelo secretário nacional de Comunicação, Adalberto Monteiro e pelo jornalista Osvaldo Bertolino.
“Estamos vivendo um caos porque além da crise sanitária, que ainda não passou, temos uma crise econômica profunda que não atinge a todos igualmente, atinge especialmente a parcela mais pobre e média da sociedade porque os ricos estão ficando mais ricos”, disse Vanessa, acrescentando que esta situação atinge principalmente as mulheres. “A pobreza tem cara, tem endereço e tem cor: é a cara da mulher, das negras, daquelas que vivem nas periferias, mulheres que sozinhas chefiam suas famílias e que não estão tendo como sustentá-las”, observou.
Vanessa lembrou que atualmente “a população não consegue acessar os produtos de primeira necessidade, não tem renda, não tem salário, não tem emprego e ainda por cima, tudo está muito caro”. Como se não bastasse este grave cenário socioeconômico, destacou Vanessa, “ainda temos Bolsonaro ameaçando a nossa democracia dia após dia”.
Frente ampla
Neste cenário, disse a dirigente, “nós, do PCdoB, reafirmamos que não vamos enfrentar essas ameaças sozinhos. Precisamos constituir no Brasil uma ampla frente, unificar e aglutinar amplas forças de matizes ideológicas diferentes, mas que entendam o papel da democracia e do Estado de direito, para fazer frente ao Bolsonaro. Ele só não avançou mais por isso, porque temos conseguido que essas amplas frentes se manifestem contrariamente às ameaças que ele faz à Constituição. É um momento grave e temos que ter maturidade para entender que a defesa da nossa democracia não é uma questão menor”.
Ao mapear a situação das mulheres e a importância do enfrentamento a Bolsonaro, Márcia Campos acrescentou que no mundo todo, “mais de 80% dos profissionais que estão cuidando da pandemia são mulheres; aqui no Brasil, 44% dos médicos que estão cuidando da pandemia são mulheres. Somos mais da metade da população e mãe da outra metade. Somos mais da metade do eleitorado, mas temos uma sub-representação política muito grande”.
Sobre as afrontas de Bolsonaro à democracia e às instituições, Márcia avalia que “Bolsonaro está nervoso e brigando com TSE porque ele sabe que está aí seu ‘calcanhar de Aquiles’. Ele está caindo nas pesquisas”. A secretária adjunta salientou que Bolsonaro “não quer apenas brigar com o STF e o TSE, ele quer barrar a eleição, quer dar um golpe. Todo mundo que tem amor à pátria, à democracia, que já lutou e luta para sustentar sua família, deve estar empenhado em montar uma grande frente. Ele não vai aguentar com todos nós juntos”.
Sociedade patriarcal
Márcia Campos também discorreu sobre como a crise afeta as mulheres e a necessidade de fortalecer a luta pelos direitos da parcela feminina da população. “As mulheres são 45% das chefes de família; 8,5 milhões foram demitidas desde que começou a pandemia. Se levarmos em conta que dessas, a esmagadora maioria é negra e chefe de família, vocês podem imaginar como está a situação nos lares das pessoas mais vulneráveis”.
A dirigente acrescentou que “as mulheres brasileiras são heroicas” e que na atual conjuntura “não tem jeito: ou as mulheres lutam, ou as mulheres lutam. Nesse governo genocida, estamos defendendo nossa família, nossos filhos, o futuro da humanidade porque é disso que se trata”.
Analisando a questão de gênero, Vanessa Grazziotin apontou que “nesta sociedade, baseada na exploração de classe, à mulher é imposta uma outra forma de discriminação e opressão que é a de gênero. Hoje, nós, mulheres, trabalhamos fora e produzimos em torno de 40% da riqueza do país e isso foi uma conquista nossa”.
Ela lembrou que “saímos daquelas quatro paredes do lar, em que a mulher era praticamente aprisionada, sem direito a nada, com o único papel de cuidar dos filhos, do marido” e que “com a nossa luta, fomos ocupando espaços no mercado de trabalho. Mas, ponderou, “ao mesmo tempo essa sociedade patriarcal não reconheceu o importante papel da mulher. Pelo contrário: ainda procura subjugar a mulher, colocá-la numa condição de inferioridade em relação aos homens”.
A ex-senadora salientou que as mulheres são “a parcela mais sofrida da sociedade e quando é pobre e negra, pior sua situação. A sociedade capitalista, patriarcal, promove um recorte e uma intersecção entre a opressão que é de classe, mas também de gênero e de raça”.
15º Congresso
A secretária nacional da Mulher do PCdoB enfatizou que a luta dos comunistas é justamente para superar essa diferenciação. “O PCdoB tem isso muito claro. Estamos hoje no debate do nosso 15º Congresso e a luta pela emancipação da mulher e contra qualquer forma de discriminação é central, é parte da nossa plataforma, não apenas das nossas teses, mas da plataforma emergencial”.
Para ela, essa questão ganha papel ainda mais importante sob o governo Bolsonaro, “que só piora essa situação porque, além de tudo, além da exclusão econômica que ele promove, ele ainda reforça essa ideia de que a mulher deve ser submissa ao homem. Vivemos um profundo retrocesso”.
Neste sentido, avalia Vanessa, “a luta por mais mulheres na política é fundamental porque é no parlamento que as leis são escritas e se a mulher não estiver lá, não haverá o olhar dela para ajudar”. E acrescentou: “A resistência das mulheres tem sido ampla e nós, do PCdoB, temos procurado contribuir com essa luta. É a inserção da mulher que vai ajudar a avançarmos não apenas para estancar os retrocessos, mas para avançar nas conquistas”.
Para a secretária adjunta, Márcia Campos, a classe trabalhadora “é a base de uma sociedade desenvolvida. Para conseguirmos avançar e termos um país desenvolvido, para todos os brasileiros, precisamos enfrentar mazelas que ainda perseguem as mulheres”.
Assista a íntegra do programa:
Leia aqui os documentos do 15º Congresso
Por Priscila Lobregatte