Dando continuidade à série de debates sobre o projeto de resolução política do 15º Congresso do PCdoB, o programa Olhar 65 desta quinta-feira (29) recebeu representantes da juventude comunista e abordou a importância histórica do movimento de luta de jovens no país, em especial na atual conjuntura de combate ao governo de Jair Bolsonaro e contra a destruição do país.

O debate recebeu Rozana Barroso, presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes); Tiago Morbach, presidente da União da Juventude Socialista (UJS) e Júnior Almeida, coordenador nacional da Juventude Pátria Livre (JPL). O programa tem a participação do secretário nacional de Comunicação do PCdoB, Adalberto Monteiro, com mediação do jornalista Osvaldo Bertolino.

Ao longo do programa, os jovens dirigentes mostraram, de maneira contundente, o drama da juventude brasileira sob Bolsonaro e o ataque do governo à educação pública, mas ao mesmo tempo apresentaram perspectivas positivas para a mobilização e luta da juventude tanto com relação às necessidades do país quanto no que diz respeito ao revigoramento e fortalecimento do PCdoB frente aos desafios atuais.

Vacina, pão, saúde, educação

Neste cenário, destacaram a força que os protestos contra Bolsonaro, que contam com participação maciça de jovens, têm para a reversão do quadro atual. Na avaliação de Júnior Almeida, o cenário desolador do país levou as pessoas a tomarem as ruas mesmo com os riscos trazidos pela Covid-19.

“O povo decide e vai para rua e diz ‘estou indignado’, ‘Bolsonaro é mais perigoso do que o vírus’”, lembrou, acrescentando que o povo e a juventude explicitaram que “não tem como manter Bolsonaro no poder”. Ele alertou, no entanto, que “para os atos continuarem grandes e conseguirmos derrotar Bolsonaro, precisamos ampliar os setores e levar mais gente para as ruas”.

Tiago Morbach recordou que “a juventude é sempre a primeira a se levantar contra o autoritarismo. Foi assim em diversos momentos de nosso país e mesmo no mundo”. Ele apontou que “as maiores manifestações contrárias ao governo Bolsonaro são oriundas do trabalho e da mobilização da juventude. Em maio de 2019, já havia milhões de pessoas nas ruas contra Bolsonaro, quando ele anunciou os cortes na educação”. Ele avalia que “se hoje, num período de pandemia, em que as pessoas precisam cuidar de sua saúde, de sua vida, elas são impelidas a ir para as ruas é porque está batendo um desespero muito grande na juventude, no povo trabalhador”.

O dirigente da UJS salientou que as “as ruas e as redes devem andar juntas”, indicando que o PCdoB precisa cada vez mais se utilizar das redes sociais e agir também de forma digital. “Ser digital é fundamental para o futuro do nosso partido, das mobilizações sociais e do nosso país. E o PCdoB é um partido extremamente necessário para a democracia”.

Ao avaliar o atual cenário, Rozana Barroso colocou: “A sensação que dá é de sufocamento: se ficamos em casa, podemos morrer de fome, de tiro; se saímos, também podemos morrer de tiro, de coronavírus; se queremos trabalhar, não temos emprego; se queremos comer, não temos comida; se queremos estudar, não temos escola, nem internet. Parece que o único caminho desenhado para nós, principalmente jovens da periferia, é a morte”.

A resposta a este cenário, diz, vem da reação da própria juventude. “Se esse é o único caminho que desenham para nós, seremos aqueles e aquelas que, com as nossas mãos, vamos desenhar outro caminho, de esperança, de perspectiva de futuro”.

Para ela, as lutas pela vida e pela educação não estão dissociadas: “a defesa da educação e da vida não são duas coisas; é uma coisa só. Porque sem educação não há Brasil vivo; se a educação retrocede, não há país que avance”.

 

Vínculos com a juventude

Outro tema abordado foi o vínculo existente entre o PCdoB e a juventude e a necessidade de aprofundá-lo como forma de ampliar a ligação dos comunistas com o povo e garantir o revigoramento do partido.

“Bolsonaro demoniza os comunistas. Pois esta é a oportunidade de mostrarmos quem são os comunistas e desmistificar o que somos junto à juventude, mostrar o que defendemos, o que é de fato o socialismo, qual é essa nova sociedade que queremos construir”, disse Júnior. Ele acrescentou que este “é um desafio da nossa geração e do partido”.

Ao falar sobre o tema, Tiago recordou sua chegada ao PCdoB. “Identifiquei no partido o amor pelo Brasil, a luta para superar os problemas da humanidade, da maneira dos revolucionários, daqueles que sonham, mas também daqueles que constroem um projeto real”.

Tiago enfatizou que o PCdoB “é o partido mais antigo do país, mas o que tem as ideias mais jovens, atuais e necessárias. Por isso essa identidade com a juventude e a grande capacidade de renovação, de se adaptar, de superar os seus problemas e os problemas impostos a cada tempo e a cada geração”. O partido, diz, “tem a compreensão da força motriz da juventude brasileira para os processos de transformação social”. Ele avalia que “está na juventude a resposta para os problemas atuais do PCdoB”, num momento em que “estamos diante de uma legislação que quer acabar com o partido, com esse projeto centenário, e retirá-lo da democracia”.

O dirigente da UJS reforçou a necessidade de o PCdoB ser um partido digital e criar uma cultura digital, além da importância de avançar nos espaços de convivência das gerações do partido e reforçar vínculos com o povo e a juventude.

Rozana, por sua vez, declarou que “o PCdoB e a UJS são minhas paixões de vida porque são os dois instrumentos de luta que me fizeram acreditar na possibilidade de mudança”. Ela salientou que a juventude tem disposição e quer “escutar o que a gente quer falar porque é uma juventude antenada”. A dirigente da Ubes colocou que “temos de politizar o debate e mostrar que ‘se você não gosta do Bolsonaro, se você quer um país de educação, de emprego, de comida, você está do nosso lado, é do nosso bonde’”.

Rozana acredita que “a juventude tem uma grande missão nesse período porque não somos só o futuro, mas o presente deste país”. E concluiu: “Nós, jovens que pensamos o coletivo, que sonhamos um Brasil melhor, temos uma luta muito bonita porque enquanto Bolsonaro só olha o próprio umbigo, nós falamos e lutamos por todos”.

Assista a íntegra do debate:

Leia aqui os documentos do 15º Congresso

 

Por Priscila Lobregatte