Seja de que tamanho ou intensidade das lutas levadas a cabo pela classe operária, só poderá chegar à emancipação se for capaz de dotar-se de uma das armas mais importantes e cuja carência lhe foi tão cara no seu passado: seu partido revolucionário.

Por Fernando Rosário*

Um partido revolucionário pode e deve atuar na luta institucional, mas este palco da luta não pode de forma alguma condicionar ou orientar a visão do coletivo Partidário. Atuamos na luta institucional desde sempre – Em quase um século de história, os comunistas, em especial o PCdoB, sempre atuaram institucionalmente, por meio de partidos aos quais nos abrigamos em períodos de ilegalidade ou com nossa própria legenda. E sempre atuamos muito bem. Mesmo com bancadas reduzidas, como em 46-47 e no pós-ditadura de 64, o PCdoB fez a diferença nas atividades parlamentares em si e naquelas duas Assembleias Constituintes, contribuindo significativamente para o avanço da luta política nacional. No período ressente nossos parlamentares tiveram destacado papel nas construções dos avanços dos governos de orientação popular ( Lula e Dilma) bem como na luta contra o golpe institucional em curso.

Mas não pode deixar de encarar esta tarefa como uma atuação em um espaço de classe, e enquanto representante de uma classe específica travar a luta dentro da institucionalidade como possibilidade tática de avançar rumo a nosso objetivo estratégico que enquanto ferramenta revolucionária não pode ser outro a não ser a superação da atual sociedade e a construção de uma alternativa socialista ao capitalismo.

Um partido deste tipo, sabemos há muito tempo graças as contribuições de Lenin, só se forja enraizado através de suas células na vida cotidiana do povo, em especial da classe operária. A frouxidão na construção das bases partidárias e a falta de atuação nas mesmas, cria uma espécie de Partido que se alimenta e se retroalimenta dos mandatos e/ou da participação nos espaços institucionais.

As questões organizativas de orientação leninista não foram superadas, um partido só pode ser uma ferramenta revolucionária sendo um partido organizado em bases, com um centro único e com a ferramenta do centralismo democrático como forma de tomada de decisão e de atuação única.

Não há relativização possível quanto a isso. O 14° Congresso do PCdoB, dentre muitas outras tarefas, creio eu, tem a tarefa de suma importância de azeitar a máquina partidária e revitalizar a vida partidária nestas bases. Um partido que mais do que nunca está sendo chamado pela realidade material e objetiva a ser do tamanho de suas ideias.

É preciso cuidar mais e melhor do partido, não cair na cantilena pós-moderna que afirma, de forma velada ou não, que os tempos são outros, que devemos pensar em novas formas organizativas. Não as ferramentas podem ser outras, os meios pelos quais se irá operacionalizar a formação destes organismos partidários talvez até o sejam, mas ainda hoje é fundamental termos um partido enraizado e com seus organismos de base em pleno funcionamento. Só assim teremos a real medida da realidade material e objetiva das lutas cotidianas e locais as quais devemos nos inserir para que de forma organizada podermos cumprir o apel de ferramenta revolucionária conectando as mesmas as lutas mais gerais e generosas que nosso povo precisa e precisará enfrentar nestes árduos tempos em que vivemos.

Tenho certeza que de um salto organizativo virá as condições para que cresça a nossa influência e respeito junto aos trabalhadores e trabalhadoras, a juventude e a intelectualidade progressista.

*Militante do PCdoB em Pelotas-RS – Sociólogo e Educador