Vivemos hoje sob um ataque pesado, um governo golpista sustentado por uma mídia claramente de direita, que estimula o ódio e a segregação da esquerda como um todo e aos comunistas em particular. O desmonte do país segue acelerado. O que devemos fazer? Quais seriam nossas opções de luta?

Por Renato Artur Nascimento*

Vamos então nos concentrar na análise destas duas possibilidades estratégicas. Primeiro a Frente de Esquerda, desejo sincero de todo revolucionário. Seria o ideal, unir desde já todo o Povo brasileiro sob uma única bandeira de luta. Contrapor nossas propostas às ações nocivas que estamos sofrendo. Mas meu desejo esbarra na realidade objetiva! Vamos pensar com cuidado. Com todos os ataques sofridos, com direitos ameaçados, temos tido uma resposta popular à altura? Estamos, JÁ, em um momento de conflagração? A esquerda teria força suficiente para, sozinha, bancar a reação contra o golpe? A apatia que temos visto e sentido, com a reação ainda insuficiente de boa parte das pessoas contra o retrocesso sofrido me parece ser a resposta à nossa dúvida. Falta-nos a força necessária para o enfrentamento. Precisamos ainda, como dizia um amigo metalúrgico do Rio de Janeiro, “juntar nossas garrafinhas”!

Vamos pensar agora na outra opção, em sua “amplitude”. Se reconhecermos que falta força ao setor de esquerda no País para reagir ao golpismo fascista deveríamos trabalhar por uma Frente Ampla, que reúna, sob um mesma bandeira, a esquerda e os setores do Centro, flutuante e vacilante, mas necessário para este momento de duro ataque à Democracia. Não é o meu sonho, não é o ideal, mas o que a realidade nos impõe. Mas a Frente Ampla precisa ser e ter definições bem claras. Com ela se daria, nas condições objetivas concretas e sob o comando de quem. Hoje uma das bandeiras de luta que precisamos levantar pode nos opor o mais terrível dos inimigos. Uma Lei de Meios que restrinja a concentração e o poder das velhas famílias mafiosas da Mídia Porca. Só essa bandeira já nos criaria uma série de obstáculos mas precisamos mexer neste vespeiro. Uma outra questão se destaca, quem seria o melhor representante das forças populares? Que nome é referência para o povo trabalhador? Alguma dúvida com relação a personificação desta liderança? Lula! Mas não basta seu nome, sem uma articulação de esquerda que costure alianças, mas que detenha o controle efetivo das ações políticas para um novo e ousado governo.

Voltamos agora à ideia que trabalhei em meu primeiro artigo:  Um Partido para o Século XXI. Precisamos de um Partido de orientação marxista-leninista, com um objetivo estratégico claro, com uma ação tática coerente com esse objetivo e um corpo de militantes preparados. Entramos agora na última parte de minha série de três artigos. A questão que destaca nossa orientação M-L, o Centralismo Democrático!

Esse é o momento para a discussão interna, desde os organismos de base até os níveis de direção e temos muito o que discutir. A definição da característica da Frente que se forma poderá nos dividir em meio aos debates, mas a implantação da nossa ação política deve ser ÚNICA, o que caracteriza um Partido de orientação marxista-leninista. Temos muitos e novos militantes no PC do B, o que é muito bom, pois nos mostra que é na luta que se cresce e por isso mesmo reafirmo a importância do Centralismo Democrático nesse momento ímpar.

Tenho visto nas redes sociais, militantes com posicionamentos contraditórios com a linha política do nosso Partido; como essas redes são as novas (e ainda não devidamente digeridas) formas de expressão e que aos poucos vão se tornando um novo canal de militância no Século XXI, entender e conhecer o Partido, sua história e trajetória, a aplicação de sua política estratégica, são questões fundamentais para a formação de nossos quadros. Assim, entender e assumir o que é o Centralismo Democrático, sua aplicação nesse quadro de enfrentamento contra a direita golpista e fascista, mas também na busca de espaço no campo da esquerda, que não entende e nem pratica o Centralismo se torna primordial que a nossa unidade de pensamento e ação nos faça ser a referência para o Povo que irá lutar ao nosso lado.

Travar o debate durante o Congresso, usar a Tribuna de Debates, que nos permite apresentar posições discordantes, porém, definida a linha política estamos obrigados, por nossa disciplina, acatar e implementar o resultado da discussão. Isso é Democracia. Esse é o Centralismo Democrático.

*Professor de história, sindicalista, militante desde 1984.