Dois dias após se destacar na 27ª Conferência da ONU sobre Questões Climáticas (COP27), no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) transformou sua viagem a Portugal, nesta sexta-feira (18), em novo marco para a imagem do Brasil. Em Lisboa, Lula se reuniu com os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Moçambique, Filipe Nyusi, bem como o primeiro-ministro português, António Costa.

Em entrevista coletiva ao fim das agendas, o petista criticou o isolamento imposto ao País pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). “Ninguém queria visitar o Brasil porque ele teve um comportamento totalmente anti-Brasil e antidemocrático”, afirmou. “Eu fiquei muito emocionado quando no discurso na COP27, no Egito, o povo gritava ‘o Brasil voltou’. Era muito marcante para mim”, agregou Lula.

Segundo o presidente eleito, “fazia quatro anos que o Brasil estava completamente isolado do mundo. Nenhum país que sofreu bloqueio nesses 30 anos teve o isolamento que o Brasil teve por culpa do próprio governo brasileiro”. Sem citar nominalmente Bolsonaro, Lula o responsabilizou pelo revés. “Não foi o mundo que isolou o Brasil. Foi o Brasil que se isolou.”

O presidente eleito falou com jornalistas ao lado de António Costa. Além de firmar a reaproximação do Brasil com a comunidade internacional, Lula convidou os governantes portugueses a participarem de sua cerimônia de posse no Planalto, no próximo dia 1º de janeiro.

“O mundo tinha muitas saudades do Brasil, precisava que o Brasil regressasse à defesa da democracia, ao combate contra as alterações climáticas, à defesa do ambiente, àquilo que é proteção e defesa da cultura”, falou o primeiro-ministro. “Portugal tinha muitas saudades do Brasil, e eu pessoalmente tinha muitas saudades do presidente Lula,”

O pronunciamento de Lula também serviu para reafirmar os compromissos do futuro governo com a pauta ambiental. Ele afirmou que o Brasil, embora tenha “total soberania” sobre a Amazônia, precisa “compartilhar com o mundo” a floresta, a qual chamou de “um patrimônio da humanidade”.

“Que a gente possa contribuir com o mundo cuidando da mais importante floresta tropical existente no Planeta Terra”, disse. “Vamos proibir o garimpo ilegal, madeireiros ilegais, invasões ilegais de terras. Iremos preservar as terras indígenas e preservar as áreas de preservação ambiental, para que o povo possa ter certeza de que o Brasil está cumprindo com a sua tarefa junto à humanidade.”

Lula também enfatizou que seu governo terá responsabilidade fiscal, sem ser entreguista: “Eu vou voltar a aumentar o salário todo ano, eu vou voltar a gerar emprego neste país – e nós vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal, sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer”.