Roger Waters lembra a sabotagem dos EUA aos Acordos de Minsk (Arquivo)

Os ucranianos poderiam parar de morrer amanhã mesmo se os Estados Unidos se interessassem pela paz com a Rússia, mas Washington e o Ocidente todo têm outros interesses em jogo, afirmou o co-fundador da banda Pink Floyd e lenda do rock britânico, Roger Waters, em entrevista na sexta-feira (12) à Agência Russia Today, RT.

“[O conflito] pode ser detido, na minha opinião, amanhã”, disse Waters. “Basta que os americanos venham à mesa e digam ‘OK, vamos continuar com os acordos de Minsk’. E então tudo estaria acabado.”

O músico destacou que o atual presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se apresentou na campanha com a promessa de manter os acordos de Minsk [Acordos com a participação da Rússia e da Ucrânia, em 2014, que instituíram o cessar-fogo na região do vale do rio Don, Donbass – que agora está sendo violado diariamente pelas tropas do governo da Ucrânia -, e pôr fim à guerra civil, que começou após o golpe de 2014 em Kiev, e que 73% Os ucranianos votaram nele com base nisso, “para que não tenham que fazer uma guerra”. No entanto, “no minuto em que ele foi eleito, alguém colocou uma arma em sua cabeça, eu acho, e ele mudou de ideia e não fez nada disso”, observou Waters.

Questionado se o Ocidente quer que o conflito termine, Waters respondeu: “Não, eles não têm interesse em acabar com esse confronto. Eles vão lutar até o último ucraniano. Porque se eles querem que isso acabe, por que não o fazem? Porque está nas mãos deles. Está nas mãos da Otan, está nas mãos de Joe Biden, são eles quem puxam as cordas. E eles não querem que isso acabe. Há grandes fortunas a serem feitas”, acrescentou, referindo-se aos bilhões de dólares em armas que Washington e seus aliados estão enviando para Kiev.

Sobre a recente visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipei, Waters disse à RT que a Ucrânia e Taiwan são os dois pontos quentes que podem desencadear um confronto gravíssimo. “Se o povo chinês quer viver sob um regime comunista, ou os russos, ou qualquer outro país no mundo, que o façam, por que não lhes é permitido a autodeterminação?”, comentou o artista, lembrando o princípio de “Uma Só China”, aceito durante décadas por Washington.

Depois de explicar com conhecimento de causa e segurança a história e os antecedentes da China e de Taiwan, Waters se perguntou por que o Ocidente está tão empenhado em impor seus valores aos outros. “Por que eles têm que decidir sobre este assentamento colonial na América do Norte, por que têm que decidir como todos os outros países no mundo se comportam?”, questionou.

“Eles querem dominar o mundo, essa é a coisa perigosa da política externa estadunidense”, condenou.

Waters, 78 anos, co-fundou a banda Pink Floyd em 1965. Ele foi o líder, letrista e vocalista do grupo de rock progressivo por anos, até que se afastou em 1983 para seguir carreira solo. Ele também éi defensor de Julian Assange, o editor perseguido do WikiLeaks e tem condenado os abusos israelenses contra os palestinos e a censura contra os meios de comunicação da Rússia no Ocidente, entre outras coisas.

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