Márcio Jerry critica pressão do mercado financeiro e política de juros altos
Nesta quinta-feira (12), o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), líder da bancada do PCdoB na Câmara e presidente do partido no Maranhão, participou do programa Entrelinhas Vermelhas. Durante a entrevista, Jerry fez duras críticas à influência do mercado financeiro na política econômica do Brasil e à manutenção de juros elevados pelo Banco Central, destacando os impactos dessas práticas no desenvolvimento nacional e na garantia de direitos sociais.
Assista a íntegra da entrevista:
Mercado financeiro: “chantagem e sabotagem”
O parlamentar foi contundente ao criticar a atuação do mercado financeiro, que classificou como uma força de “chantagem” e “sabotagem” contra o projeto de reconstrução liderado pelo governo Lula. Segundo Jerry, os interesses da Faria Lima e do setor financeiro tentam impor limites às políticas públicas em conluio com agentes políticos e a grande mídia.
“O Brasil tem uma eleição de quatro em quatro anos. É o povo que escolhe um presidente e um programa. O presidente Lula tem feito um esforço gigantesco para reconstruir o país, mas enfrenta sabotagens constantes do mercado, que tenta definir o que pode ou não ser feito”, afirmou o deputado.
Críticas às isenções tributárias
Márcio Jerry destacou o modelo injusto de isenções tributárias, que concentra quase R$ 100 bilhões em benefícios fiscais para menos de 200 grandes empresas. Ele apontou que esse desequilíbrio prejudica investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e previdência social.
“A isenção tributária deveria ser uma exceção, e não uma regra para perpetuar privilégios absurdos. Enquanto o foco do ajuste fiscal recai sobre investimentos sociais, essas isenções exorbitantes continuam intocadas. Isso é inaceitável e precisa mudar”, disse.
Juros altos: uma política “imoral” e “nociva”
Outro ponto central da entrevista foi a crítica à política de juros do Banco Central. O deputado classificou as taxas como um entrave ao desenvolvimento econômico, que favorece o rentismo e prejudica a geração de empregos e o fortalecimento dos direitos sociais.
“Essa política de juros é uma trava ao desenvolvimento do país. É usada para justificar uma falsa estabilidade econômica, mas prejudica o Brasil, que poderia estar crescendo e melhorando a vida da população”, afirmou.
Perspectivas com Galípolo no Banco Central
Ao comentar sobre Gabriel Galípolo, recém-empossado no Banco Central, Jerry avaliou que a redução dos juros dependerá de esforços coletivos. “Galípolo sozinho não resolverá a questão. É necessário um trabalho articulado entre governo, empresários e sociedade para construir uma política econômica que priorize o desenvolvimento sustentável”, ressaltou.
Fortalecimento do SUS e educação
Márcio Jerry também destacou sua atuação na presidência da Frente Parlamentar Mista pelo Fortalecimento do SUS e reafirmou a importância de defender políticas públicas que assegurem direitos à população, mesmo em cenários de ajuste fiscal. “O SUS é um patrimônio do povo brasileiro e precisa ser fortalecido, não atacado por cortes e ajustes que privilegiam interesses privados”, declarou.
O deputado alertou sobre riscos à sustentabilidade da educação com propostas que buscam desvincular percentuais obrigatórios para saúde e educação, considerando essas ideias um retrocesso aos avanços da Constituição de 1988.
Justiça tributária e rejeição à anistia de golpistas
Jerry também abordou a necessidade de uma reforma tributária justa, destacando a importância de tributar grandes fortunas e aumentar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Ele repudiou veementemente as tentativas de anistiar os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro, chamando tais ações de “abominavelmente perversas”.
“Conceder anistia é legalizar o golpe e desrespeitar o Estado Democrático de Direito. Precisamos responsabilizar os criminosos para que nunca mais se repita”, afirmou.
Compromisso com o desenvolvimento e a justiça social
Márcio Jerry concluiu destacando que o governo Lula tem o compromisso de equilibrar responsabilidade fiscal com avanços sociais, sem ceder às pressões de setores que priorizam o desmonte de políticas públicas. “Vamos enfrentar as resistências e construir um Brasil mais justo e democrático”, finalizou.
A entrevista reafirmou o posicionamento do PCdoB como defensor de uma política econômica inclusiva e soberana, que priorize o bem-estar da população acima dos interesses do mercado financeiro.
(por Cezar Xavier)