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Reunido nesta quarta (30) e quinta-feira (31), o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres (CNDM) definiu a data da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres: de 16 a 19 de setembro de 2025. Primeira depois dos anos de retrocesso e desmonte promovidos por Jair Bolsonaro, esta edição ocorrerá em meio à reconstrução do país e das políticas públicas e de retomada do diálogo entre governo e movimentos sociais, mas também de luta contra os ataques da extrema-direita. 

Após a reunião, a ministra das  Mulheres, Cida Gonçalves, falou rapidamente ao Portal Vermelho. “Queremos construir uma conferência em que a gente garanta a participação das diversas mulheres que compõem o Brasil. As mulheres quilombolas, as negras, as trans, as pescadoras, as marisqueiras, entre tantas outras”, declarou.

Cida explicou que o objetivo agora é estabelecer canais de diálogo e busca ativa para que essas mulheres possam estar presentes ao longo de todo o processo da conferência. “O Brasil pode esperar, com essa conferência, a construção de políticas públicas a partir dessas mulheres que estão atuando pelo Brasil no seu território, na sua localidade, construindo processos e fortalecendo a luta das mulheres”, pontuou.

Conforme a ministra destacou, o tema central da conferência ainda será definido, mas a perspectiva é, desde já, viabilizar um evento que “rearticule as mulheres, que recoloque as mulheres dos mais diversos lugares no centro do debate e da disputa política”. 

Vanja Andrea Santos, presidenta nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM) e integrante do CNDM, explicou que um dos focos “é consolidar e fortalecer os direitos que nós já garantimos, não retroagir e avançar ainda mais”. 

Reunião do CNDM

Para dar prosseguimento aos encaminhamentos relativos à realização da conferência, o Conselho também definiu a criação de um comissão organizadora inicial, que vai atuar até dezembro. Seu foco é fazer um desenho geral de como será o evento e mapear e contatar os movimentos e instituições que vão ajudar a construir o documento-base, entre outras ações. “Nosso papel será, principalmente, mobilizar as mulheres do Brasil, estejam onde elas estiverem”, acrescentou. 

Em meio a esse novo contexto de diálogo trazido pelo governo Lula, a dirigente feminista lembrou que diversos movimentos atuaram para que a conferência não fosse feita durante o governo de Jair Bolsonaro, dado seu caráter regressivo e machista. “Acreditávamos que realizar a conferência naquele contexto seria destrutivo em relação aos nossos direitos”, recorda. Por isso, a última edição ocorreu em maio de 2016, ainda sob o governo Dilma Rousseff.

Vanja salienta que atualmente a luta se dá principalmente “contra as forças reacionárias e conservadoras que, mesmo após Bolsonaro, continuam presentes no Congresso e nos parlamentos, nos territórios, e que constroem leis pulverizadas pelo Brasil contra os direitos das mulheres”. 

Por isso, reafirma, “é tão importante mobilizar as brasileiras neste momento, para que elas possam perceber essa realidade e lutar contra o trabalho que a direita e a extrema-direita têm feito de destruição de direitos e mostrar que se essas forças retornarem ao governo central, vai ser bem pior. Em essência, essa conferência servirá para a gente trabalhar pelo fortalecimento da democracia, dos movimentos sociais e das pautas das mulheres”.