Em votação surpreendente, o Conclave elegeu nesta quinta-feira (8) o primeiro papa nascido nos Estados Unidos. Anunciado como o 267º Bispo de Roma, o cardeal norte-americano Robert Prevost, membro da Ordem de Santo Agostinho, escolheu como nome papal Leão 14 (Leo XIV).

“Anuncio-vos uma grande alegria: temos um Papa!”, declarou, em latim, o cardeal Dominique Mamberti na Sacada Central da Basílica de São Pedro. “O eminentíssimo e reverendíssimo senhor Robert Francis Prevost, cardeal da Santa Igreja Romana, que se impôs o nome de Leão 14”.

Natural de Chicago, formado em Matemática e Teologia, com doutorado em direito canônico, Prevost, de 69 anos, não estava cotado para ser o sucessor do papa Francisco, morto no último dia 21 de abril. A expectativa era a de que o Vaticano preferisse um papa europeu, retomando uma tradição que se manteve por séculos – até a eleição de Francisco, em 2013.

Se Jorge Bergoglio fez história ao se tornar o primeiro pontífice sul-americano e franciscano, Prevost não fica atrás. Nunca a Igreja Católica teve à sua frente um líder que veio da comunidade agostiniana e da América do Norte. Espera-se que, em boa medida, seu pontificado dê continuidade às reformas e às mensagens progressistas de Francisco.

“Quero caminhar com vocês como uma Igreja unida, sempre buscando paz e justiça”, afirmou Leão 14. “Temos que buscar juntos ser uma Igreja missionária – uma Igreja que constrói pontes e diálogo.”

Chamado de “pastor de duas pátrias”, Prevost exerceu missões agostinianas no Peru por mais de 20 anos a partir de 1985, obtendo a cidadania peruana em 2015. Na Basílica de São Pedro, o novo papa agradeceu à sua “querida diocese no Peru, onde um povo fiel acompanhou seu bispo para compartilhar sua fé com ele e que tanto fez para ser uma Igreja fiel”.

Ele se transferiu para Roma e foi promovido a arcebispo em 2023, quando Francisco o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Tornou-se cardeal no mesmo ano e cardeal-bispo há três meses.

Como a Igreja Católica dos Estados Unidos foi uma das críticas ao papado de Francisco, a eleição de um papa norte-americano parecia descartada. Mas a dupla cidadania de Prevost, aliada à sua resistência ao governo extremista de Donald Trump, contou a seu favor.

A denominação que Prevost escolheu como papa também surpreendeu. O último pontífice a se autonomear Leão tinha sido Vincenzo Gioacchino Pecci, o Leão 13, que foi chefiou a Igreja Católica de 1878 a 1903. É de autoria dele a encíclica Rerum Novarum (1891), dedicada à causa operária e considerada percursora da Doutrina Social da Igreja.