O PCdoB tem razão de existir? Tem, existe, e vive!

Já o Capitalismo, agoniza face a crises que o lucro não resolve; e apela ao fascismo. Surpreendentemente, as ideias socialistas ganham espaço até nas redes sociais, um “reality show” para os 1% mais ricos, donos das bigtechs. A propaganda e o algoritmo são gringos, direitistas, monetizam o ódio, leem a alma; excluem e segregam a esquerda. Mais que mercadorias, ofertam valores estruturados pelo big data. A “realidade” é a telinha e o perfil sou eu?! Sob essa matriz, a IA só agrava a ameaça distópica.

Isso mexe conosco. A economia comportamental mapeia fragilidades e personaliza o estímulo ao consumismo e à adicção. Não é para satisfazer, é para criar necessidades esse grande jogo do tigrinho. Não tenhamos ilusões com a panaceia das redes sociais, sem nossa soberania. Na China, as redes salvaram vidas na época da COVID. No Brasil, espalharam desinformação e morte. Não podemos pensar como usuários, mas como leninistas e hackers.

O “espectro do comunismo” segue o grande adversário, combatido com a nova propaganda nazi digital, incluindo a confusão, com comunismo e socialismo para todo gosto.

O PCdoB deve disputar o sentido de ser comunista, unir os comunistas dispersos e captar política e eleitoralmente os simpatizantes do socialismo. Devemos lançar um amplo movimento de formação de bases, com fixação renovada dos quadros no território para mapear e unir o que há de mais avançado da Frente Ampla. Ser mais comunista e do Brasil é o que pode nos levar a vencer, e para um novo desenvolvimento com valorização do trabalho, aproveitar a conjunção histórica da ascensão da China e do mundo multipolar, ainda com o Presidente Lula.

Mas, existir significa alguns defeitos naturais, o erro, o oportunismo, a divisão e a autonomização de interesses, em prejuízo do coletivo. Existir é pouco… “a que será que se destina?” A razão de o PCdoB ter se mantido e ampliado é uma só: a grande política.

Devemos muito à geração da Conferência da Mantiqueira (1943). Depois, na maré baixa (1964), resistiu o PCdoB com galhardia, liderado por Amazonas, Pomar, Grabois e Arruda. Em plena Ditadura, a Ação Popular deu vida nova ao Partido da Guerrilha do Araguaia. Amazonas apostou em Tancredo e em Lula e na Frente Brasil Popular, já nos anos 1980. Sustentamos a foice e o martelo.

Mas quando o imperialismo nos atacou na Guerra Híbrida (2013), nós não detivemos o Golpe contra a Presidenta Dilma. A história mostra a insuficiência das instituições da democracia burguesa para vencer o fascismo. Só a máxima concentração de forças e grande amplitude permitem vencer o fascismo. Nosso lugar é junto à classe trabalhadora e à juventude. A ação institucional, a luta social, tudo deve estar conectado à linha política. Sem o Partido, não há liga. Sem a classe, o Partido se debilita. Resistir mesmo, é renovar, é cumprir o deliberado.

Já no fim de 2018, a incorporação do PPL foi o Drible da Vaca na Cláusula de Barreira. No movimento sindical, a fusão CTB/CGTB, apontou o caminho da união classista e com todas as centrais contra o fascismo. Somos pioneiros na ideia de Frente Ampla e esteio da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB, PV).

Em meio a esse esforço, sobre fio de navalha e sob ataque, houve sentidas vacilações. Tanto pelo deslumbramento com a institucionalidade e o defensismo, quanto por defecções de quadros sob argumentos que não esperaram o Congresso. Isso se somou ao mau resultado eleitoral, pondo em xeque o Partido. Não destrói o partido comunista perda de eleição, mas erros políticos e organizativos no curso da luta; a repressão, a descaracterização, a divisão, a falta de comunistas, o envelhecimento de ideias e pessoas. É a linha política que une e aponta a direção.

Contudo, o tal tripé é torto, a institucionalidade enquadra geral…E é natural uma aliança tácita entre institucionalidade e burocracia. Mas quando o fascismo vem pra cima, tem de ter povo pra vencer, e ainda precisa de um Lula. Como João Amazonas, jamais podemos descuidar da juventude e dos trabalhadores. Se defendemos a pirâmide invertida e o continuísmo, se a base sequer escolhe quem a representa na sua área/categoria, para que ela serve?

Quem limita e corrige a institucionalidade? O Partido deve dirigir seus mandatos parlamentares, não o contrário. Precisamos enfrentar debilidades gritantes já decididas, na organização, na luta de ideias e na luta popular, para chegar a 2026 unidos pela disputa à Câmara com as melhores candidaturas, e assim somar com a 4ª vitória de Lula. Precisamos acelerar a marcha e dar a cara. Mais que concentrar, é preciso unir. É preciso prioridade para o Partido.

Não nos faltam sentido e lugar ante a encruzilhada histórica. Hoje, nosso papel desejável é maior que nossas forças. Só venceremos se formos mais comunistas: acertar na política, unir o povo e libertar o Brasil. Na costura da unidade e no caminho, o PCdoB é imprescindível. A bússola deve ser a defesa mais consequente do Brasil, da democracia e do Socialismo.

Com muito trabalho e a sorte do Lula, PT, PCdoB, PV, PSB e PSOL podem reforçar a Frente Ampla, e dentro dela construir a Frente Popular, retomar as ruas e abrir um novo ciclo em 2026. As possibilidades de organizar o povo e a classe trabalhadora são imensas em um ambiente democrático, com unidade, formalização e crescimento econômico. Podemos encontrar esses caminhos, como no passado, com os Fóruns Sociais. Não desisto de ver o socialismo.

Mas, como perguntou o governador da Bahia, Jerônimo de Sousa, no 9° Encontro Sindical (2023): Cadê os jovens?!