Síria denuncia terrorismo em Aleppo e acusa apoio externo a grupos extremistas
A batalha de Aleppo, um dos confrontos mais ferozes durante os 11 anos de conflito na Síria, reduziu grande parte da cidade a escombros. Quase 36.000 edifícios em Aleppo foram destruídos. Muitas pessoas continuam morando em prédios danificados pela guerra que correm o risco de desmoronar. (fotógrafo: Anouk Delafortrie 2022/fotospublicas)
A Embaixada da República Árabe Síria no Brasil emitiu uma nota oficial denunciando os ataques terroristas que atingiram Aleppo e outras localidades no norte da Síria em 27 de novembro de 2024. Segundo o comunicado, os ataques foram conduzidos por grupos liderados pela Frente al-Nusra, classificada como organização terrorista pelo Conselho de Segurança da ONU, e contaram com o apoio de guerrilheiros estrangeiros e tecnologia avançada, como drones.
O governo sírio responsabilizou patrocinadores regionais e internacionais pelos ataques, afirmando que sua realização seria impossível sem “apoio externo multifacetado”. A nota também relaciona os acontecimentos às ações militares de Israel, que a Síria acusa de buscar desestabilizar a região em linha com um “plano sionista de espalhar o caos”.
Ataques e impacto sobre civis
O ataque visava tomar o controle da cidade de Aleppo e parte da estratégica rodovia internacional M5. De acordo com o comunicado, as ações resultaram em ameaças diretas à população civil, interrupção das atividades econômicas e deslocamento em massa de moradores para outras áreas.
Em resposta, o Exército Árabe Sírio realizou operações para retomar o controle das áreas afetadas, reforçando sua presença militar na região. O governo reiterou seu compromisso em combater as organizações terroristas e restabelecer a autoridade do Estado sobre todo o território nacional.
Denúncias e apelos internacionais
A nota da embaixada critica duramente a postura de países que supostamente apoiam grupos extremistas, acusando-os de violar resoluções do Conselho de Segurança da ONU e compromissos internacionais, como os acordos de Astana, que defendem a soberania, integridade territorial e unidade da Síria.
A Síria também apelou à comunidade internacional para que pressione os patrocinadores desses grupos terroristas a cumprir as resoluções da ONU sobre o combate ao terrorismo, em conformidade com a estratégia global das Nações Unidas.
Implicações geopolíticas
Os ataques ocorrem em um contexto de crescente tensão na região, marcado por ações militares israelenses e disputas envolvendo potências regionais. O governo sírio enxerga os ataques como parte de um esforço coordenado para enfraquecer a estabilidade do país e influenciar o equilíbrio de poder no Oriente Médio.
Enquanto isso, organizações internacionais ainda não se pronunciaram oficialmente sobre os eventos relatados. A escalada de violência em Aleppo ressalta os desafios contínuos para alcançar a paz e estabilidade na Síria, mais de uma década após o início do conflito no país.
A nota da embaixada reafirma a determinação do governo sírio em buscar apoio internacional para enfrentar os desafios impostos pela presença de grupos terroristas e as interferências externas, que continuam a agravar a crise humanitária e política na região.
Leia a íntegra da nota:
Nota da Embaixada da República Árabe da Síria em Brasília
O norte da Síria foi alvo de um ataque terrorista de amplo espectro e, neste sentido, assinalamos o seguinte:
- Em 27 de novembro de 2024, grupos terroristas liderados pela Frente al Nusra/ Forças de Libertação da Síria, classificada pelo Conselho de Segurança da ONU como organização terrorista, perpetrou um ataque terrorista de vários eixos que teve como alvo localidades das províncias de Idleb e Aleppo, com o objetivo de ocupar a cidade de Aleppo e controlar partes da estrada internacional M5, com o apoio de milhares de guerrilheiros terroristas estrangeiros, equipados com armas e equipamentos militares, especialmente drones, além do suporte técnico que os possibilitou realizar este ataque de amplo espectro.
- A perpetração deste tipo de grande ataque organizado não seria possível sem um sinal verde de seus patrocinadores, especialmente os patrocinadores regionais, e sem o apoio externo multifacetado dado a estes terroristas, visto que existem muitas provas e indícios que o confirmam.
- Este ataque terrorista, onde os seus executores seguem uma ideologia terrorista, resultou em ameaças aos civis desarmados, a interrupção dos meios de vida em Aleppo e numa grande onda de deslocamentos de seus habitantes para fora da cidade e para outras localidades da Síria.
- O Exército Árabe Sírio, partindo de seu zelo pelas vidas dos civis, evitou que estes fossem atingidos ao realizar operações de retomada da área, reforçando a sua presença militar e dando continuidade em cumprir com o seu dever nacional em enfrentar as organizações terroristas na Síria e libertá-la totalmente desta presença terrorista, atuando para garantir a retomada da autoridade do Estado e do estado de direito sobre todas as terras nacionais da Síria.
- Este ataque terrorista que coincide, de forma suspeita e desmascarada, perpetrado pela Frente al Nusra / Forças de Libertação da Síria, com as agressões da entidade israelense contra os territórios da Síria, confirmam que ele se insere no contexto do plano sionista de espalhar o caos na região e cumprir com os seus objetivos de desestabilizar a sua segurança e estabilidade.
- A Síria conclama para que sejam apoiados os esforços do Estado sírio em defender a sua segurança, a sua estabilidade, a defesa de seus cidadãos, a manutenção de sua unidade e integridade territorial e a ampla condenação deste ataque terrorista.
- Este ataque terrorista configura uma flagrante violação das resoluções da Organização das Nações Unidas e do Conselho de Segurança relativas ao combate ao terrorismo, assim como aos acordos para diminuir a escalada, adotados pelo Caminho de Astana, que afirmou em sua declaração final o compromisso com a soberania da República Árabe da Síria, com a sua independência, sua integridade e unidade territorial e a continuidade das ações para combater o terrorismo em todas as suas formas e manifestações.
- A Síria responsabiliza os países que apoiam essas organizações terroristas e entidades ligadas a elas de forma total por este ataque, por suas repercussões e exige que sejam feitas pressões sobre estes apoiadores para que cumpram com as resoluções do Conselho de Segurança relativas ao combate ao terrorismo e ao enfrentamento do fenômeno dos guerrilheiros terroristas estrangeiros, cumprindo com a estratégia mundial das Nações Unidas para o combate ao terrorismo.
(por Cezar Xavier)