Presidente Claudia Sheinbaum convoca México a “enterrar de vez o neoliberalismo”
Empossada presidente, de mãos dadas com López Obrador, seu antecessor, num ambiente lotado de senadores e deputados, e com as ruas próximas tomada pela população, “a mãe, avó, cientista e mulher de fé” convocou a todos a consolidar o projeto de “humanismo mexicano”.
Ao coro de “presidente, presidente!”, Claudia Sheinbaum tomou posse nesta terça-feira (10) no Congresso do México, se comprometendo “a enterrar de uma vez por todas o fracassado modelo neoliberal” e a construir um país soberano. O norte econômico, apontou a mandatária, será guiado por uma das máximas do ex-presidente López Obrador: “Pelo bem de todos, primeiro os pobres!”.
De mãos dadas com López Obrador, Sheinbaum foi aclamada pelo Congresso tomado por 118 senadores e 466 deputados, além de 65 presidentes e representações diplomáticas de outros 40 países. Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de pessoas se reuniam na avenida 20 de novembro, no centro histórico da capital, festejando o feito.
“Obrador iniciou o projeto de desmantelar o neoliberalismo e também as estruturas de corrupção e privilégios que minavam o país, um projeto que nasceu da história fértil do México, do amor ao povo e da honestidade. Chamamos isso de ‘humanismo mexicano’”, destacou a nova mandatária.
Ex-prefeita da capital, convertida na primeira presidente dos 214 anos de independência mexicana com 59,8% dos votos, Sheinbaum reiterou que irá consolidar o projeto de nação da “Quarta Transformação” iniciada por Obrador, rompendo as amarras que limitavam o progresso do país com mais justiça social.
Conforme a presidente, se o México é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) menos endividados, com uma moeda forte e, ao mesmo tempo, com menos desemprego e maior bem-estar da sua gente, isto se deve ao compromisso de Obrador. Nas palavras da dirigente, “o mais importante líder político e lutador social da história moderna, o presidente mais querido, só comparável a Lázaro Cárdenas”.
Aos 94 anos, a deputada, economista, professora e diplomata Ifigenia Martha Martínez y Hernández se destacou na comemoração. Acompanhada de seu tubo de oxigênio, Ifigenia recordou que a data culmina o movimento de “gerações inteiras de mulheres, que desafiaram corajosamente os limites do nosso tempo”. “Hoje, junto com ela, chegamos todas e abrimos caminho para uma nova era”, frisou.
A presidenta enfatizou que haverá Estado de Direito e defendeu a recentemente aprovada reforma do Poder Judiciário porque, explicou, o processo extraordinário de 2025 para eleger juízes, magistrados e ministros pelo voto popular significa mais autonomia e independência dos referidos poder.
Fruto de intensa mobilização popular, assinalou, a reforma tem por objetivo acabar com a corrupção no Judiciário. Informou que para a eleição haverá uma convocação única, com uma comissão de seleção de candidatos para garantir que sejam cumpridos inteiramente os requisitos. “E quem decidirá? As pessoas, o povo. E como é que uma decisão que, na sua essência, é democrática e permite ao povo decidir, seria autoritária?”, questionou. Ao mesmo tempo, assegurou Claudia Sheinbaum, os direitos e salários do Judiciário estão assegurados.
No seu discurso, a presidente reconheceu não só as heroínas, mas também as anônimas, as invisíveis que se tornaram visíveis com a nossa chegada à Presidência, que lutaram por um sonho e o concretizaram, e as que lutaram e não o concretizaram. Emocionada, Claudia Sheinbaum apontou que com ela chegam “as bisavós que não aprenderam a ler e a escrever, porque a escola não era para meninas… as nossas mães, irmãs, amigas e colegas, as nossas lindas e corajosas filhas, as nossas netas, que sonhei com a possibilidade de realizar sonhos e desejos, sem que o nosso sexo determinasse o nosso destino”. Junto com ela, asseverou, todas as mulheres alcançam o mais alto cargo político do país e lembrou está com “a”, de presidente: “da mesma forma que advogada, pesquisadora e bombeira, porque nos ensinaram, somente existe o que é nomeado”.
“Sou mãe, avó, cientista e mulher de fé e, a partir de hoje, pela vontade do povo, a presidente constitucional dos Estados Unidos Mexicanos. Não vou decepcioná-los”, concluiu.
Fonte: Papiro