Universidade de Buenos Aires foi palco da assembleia popular em defesa dos direitos | Foto: Patricio Schwindt/FSOC UBA

A sede da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires (UBA) reuniu nesta terça-feira (14) centrais sindicais, movimentos estudantis, de mulheres, eclesiásticos, de cultura e organizações de direitos humanos, pesquisadores e cientistas em assembleia nacional para unificar a luta e definir diretrizes da luta pela anulação do Decreto Nacional de Urgência (DNU) 70/23 e a Lei de Bases, por atentarem contra os direitos civis, sociais e trabalhistas conquistados ao longo de décadas.

Membro da direção da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e líder dos Caminhoneiros, Pablo Moyano, destacou que “adotar um plano de luta é chave para envolver o conjunto da sociedade até que este plano tão daninho ao país seja derrotado”.

“Alguns fazem campanha cantando a marcha peronista, mas depois, quando chegam ao Congresso, cagam nos trabalhadores que os elegeram”, condenou Moyano, para quem é preciso “enfrentar um governo que confronta aqueles que têm menos, os trabalhadores”. 

Por isso, avaliou o comandante da CGT, é preciso pôr o bloco na rua, pois “estamos diante de uma data histórica, que é quando a Lei de Bases será votada no Senado”. “Temos que estar em massa nesse dia no Congresso Nacional para exigir que os senadores o rejeitem. Meu compromisso como líder é esse. Nesse dia, exerceremos toda a pressão possível para rechaçar a lei”, enfatizou.

“NEOFASCISTA TENTA CONSOLIDAR O COLONIALISMO”

“Ratificamos o compromisso de enfrentar em unidade este cenário tão complexo, onde um governo neofascista tenta consolidar o colonialismo na nossa sociedade e no nosso país”, afirmou o secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA-Autônoma), Hugo Godoy. O dirigente esclareceu que “assim como fizemos as greves e mobilizações”, os argentinos devem dar uma resposta contundente ao governo, evitando que DNU se consolide, “porque significaria dar a Milei a capacidade de governar por decreto durante quatro anos”. 

“Através da mobilização popular, devemos obrigar a Câmara dos Deputados a emitir uma decisão anulando esse direito”. “Neste processo de discussão da Lei de Bases e do pacote fiscal no Senado, é fundamental manter esse estado de mobilização e encontro entre as nossas organizações, para que o povo participe no dia em que o projeto seja discutido e rejeitado”, acrescentou.

De acordo com o secretário-geral da CTA dos Trabalhadores e deputado nacional Hugo Yasky, o apelo unitário tem relevada importância pois “desta forma rompemos com a paralisia que os grupos econômicos dominantes queriam nos impor”. Para Yasky, houve dois pontos de inflexão: a marcha universitária e a greve dos trabalhadores. “É importante que mantenhamos a iniciativa e que ela se torne cada vez mais popular. Fizemos algo de bom durante esse período, que foi construir a unidade. Nosso próximo objetivo é o debate no Senado. Temos que tomar consciência de que esta é uma corrida de resistência e sempre que o movimento popular foi atacado foi a resistência que nos fez vencer”, assinalou.

Dirigente da Assembleia Permanente de Direitos Humanos (APDH), Eduardo Tavani defendeu a necessidade de “marchar unitariamente com as centrais e os movimentos sociais ao longo do último período e ir para cima dos parlamentares indecisos”. “Temos que seguir esse exemplo a fim de conquistar nossos objetivos e o primeiro deles é a lei de Bases, no Senado e nas ruas, e depois o DNU”, frisou.

O secretário-geral da Federação Judiciária Argentina (FJA), Matías Fachal, apontou que “nesta fase avançada do fascismo, com um governo que procura a destruição do Estado, através do seu saque e esvaziamento, num momento de violação generalizada dos direitos humanos, temos de nos articular, não só para nos expressarmos e refletirmos sobre as abordagens, mas também para agirmos”. “Todas as áreas institucionais a que devemos recorrer não se movem se não for pela pressão da mobilização popular, e é o sistema de justiça que devemos pressionar”, asseverou.

A representante das Mães da Praça de Maio – Linha Fundadora, Taty Almeida, conclamou a todos a redobrarem as forças contra o desgoverno. “Estamos demonstrando a resistência que deve ser feita. Os fatos mostram isso, com as diferentes marchas, no dia 8 de março, no 24 de março, a Marcha Universitária, os sindicatos, é isso que temos que continuar fazendo. Temos que ganhar as ruas, esta é a nossa obrigação”, disse. 

Mas “além de ganhar as ruas”, ela ressaltou, “temos que ir ver os governadores, esses deputados mornos, esses que parecem molengas. É para isso que estamos aqui, para encontrá-los e fazê-los mostrar a cara, e demonstrar a este governo que, embora tenhamos perdido uma eleição, eles não nos derrotaram”.

Até o momento a avaliação é de que o projeto de Lei de Bases possa ser tratado na próxima quinta-feira (23), mas tudo dependerá da forma como seja tratado no Senado.

Fonte: Papiro