Às voltas com uma crise sem fim na Argentina e com uma rejeição cada vez maior a seu governo, o presidente Javier Milei avançou na pauta religiosa neste domingo (11), ao participar do anúncio da primeira santa argentina. Uma comitiva liderada por Milei foi à Basílica de São Pedro, no Vaticano, para a missa de canonização da beata María Antonia de Paz y Figueroa, a “Mama Antula” (1730-1799), pelo papa Francisco.

O encontro com o pontífice, em especial, era um dos momentos mais aguardados na agenda presidencial. Francisco é a autoridade mais admirada na Argentina, seu país natal, e chegou a ser chamado de “representante do maligno” por Milei na campanha eleitoral, em 2023. Agora, vendo os apoios minguarem, Milei apelou até o papa para tentar conter a perda de popularidade.

Geralmente carrancudo, o presidente forjou um estilo sorridente e acolhedor nas imagens com o papa, que estava em uma cadeira de rodas. Os dois pouco conversaram, mas Milei, para não deixar dúvida de seu intento publicitário, ainda abraçou o papa de modo constrangedor.

A foto logo foi parar nas redes sociais de Milei, com a legenda “MUCHAS GRACIAS…!” (“muito obrigado”). Eles voltarão a se encontrar nesta segunda-feira (11), desta vez a sós, no Palácio Apostólico Vaticano. O papa deve abordar o presidente sobre o caos econômico e social que afunda a Argentina.

Na semana passada, Milei foi à Israel, onde também se dedicou à associação com a pauta religiosa. Aos prantos, ele tirou fotos no Muro das Lamentações, em Jerusalém, e rezou diante das câmeras.

Em relação ao papa, seu objetivo é convencê-lo a ir à Argentina neste ano. Numa carta endereçada a Francisco em janeiro, Milei disse que uma visita do líder da Igreja Católica ao país “trará frutos de pacificação e fraternidade para todos os argentinos superar divisões e confrontos”.