O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) tem muito a comemorar nesta semana da Independência. Logo na segunda-feira (8), sua gestão anunciou mais de R$ 18 bilhões em investimentos, que devem impulsionar a economia de 39 municípios baianos e gerar 7.868 empregos diretos. O pacote inclui 42 projetos, com foco em energia renovável e indústria.

Já nesta quarta-feira (10), Jerônimo afirmou, em tom triunfal, que o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Salvador e da Região Metropolitana entrará em operação no segundo semestre de 2026. O governador visitou a fábrica da empresa espanhola Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles (CAF), em Hortolândia (SP), onde um dos trens do futuro VLT está em fase final de produção.

Não é de agora, porém, que a agenda do governador petista tem sido marcada por boas notícias que vêm da economia em geral – e da indústria em particular. Em julho, Jerônimo participou da cerimônia que marcou o início da produção do primeiro veículo 100% brasileiro na fábrica da BYD, em Camaçari. A montadora chinesa está instalada na planta que a Ford ocupou por quase 20 anos, até anunciar sua saída do Brasil, em 2021.

A retomada desse histórico complexo era peça-chave da reindustrialização da Bahia e coroa um processo iniciado ainda no governo Rui Costa, mas acelerado na gestão Jerônimo. “E olha que a cultura de chinesa de negociação é difícil. Eles são muito detalhistas com cada palavra do contrato”, disse Jerônimo nesta quarta (10), numa coletiva descontraída com a mídia alternativa, promovida pelo Centro Barão de Itararé, em São Paulo.

Ele frisou que o caso de Camaçari ilustra o desafio de garantir o crescimento com inovação. “O polo industrial não é nem pode ser mais o mesmo. A BYD vai produzir veículos elétricos, o que impõe outros conceitos e a modernização das fábricas.”

O Vermelho perguntou ao governador se a aposta na indústria é parte de um planejamento de longo prazo para “estimular e reconfigurar” a economia da Bahia, que ainda ocupa posições modestas em diversos indicadores. Enquanto o desemprego no País caiu a 5,8% no segundo trimestre, conforme o IBGE, a taxa na Bahia, de 9,1%, é a segunda pior entre os estados. A informalidade é de 37,8% no conjunto da economia brasileira, mas de 52,3% na economia baiana.

“Já estamos mudando essa realidade”, respondeu Jerônimo. “Temos apenas a 16ª receita entre os estados brasileiros, mas somos o segundo em investimentos, atrás apenas de São Paulo. Foram R$ 16 bilhões apenas em 2023 e 2024.”

Um dos impactos mais visíveis da prioridade na indústria é o crescimento dos empregos formais. Em 2024, foram abertos 85.585 postos de trabalho com carteira assinada. Em 2025, de janeiro a julho, já são quase 77 mil. Os números tendem a crescer – a previsão só com a chegada da BYD é de 20 mil novos empregos, diretos e diretos, até 2026.

Outro símbolo destes novos tempos é a construção da ponte Salvador-Itaparica, que terá cerca de 12,4 quilômetros de extensão sobre a Baía de Todos-os-Santos. No pico, o canteiro de obras deve contar com mais de 7 sete mil trabalhadores.

Jerônimo enfatiza que as contas do governo estão “em ordem”, mesmo com o boom de investimentos. Ele cita o status da Bahia no Capag, um ranking criado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para avaliar a Capacidade de Pagamento de estados municípios. “Desde 2024, somos A no Capag, a nota máxima. Isso quer dizer não apenas responsabilidade fiscal – mas também qualidade no gasto.”

A condição financeira permite que a Bahia seja um dos estados a pagarem acima do Piso Nacional do Magistério. Na condição de professor universitário da rede federal e ex-secretário estadual de Educação, Jerônimo diz que seu próximo passo é garantir que aposentados e pensionistas.

“Eu já visitei 352 cidades desde o início do governo e, aonde vou, os aposentados me cobram isso – com razão. Pactuamos com o sindicato e estamos trabalhando para cumprir”, afirma o governador. De acordo com a APLB (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia), o acordo prevê que professores aposentados da rede estadual passem a receber ao menos o piso de R$ 4.965,24.