"Bebês, senhoras e idosos são bombardeados e mortos. Não há razão para isso", disse Macron à BBC | Foto: Divulgação

O presidente francês Emmanuel Macron instou, na sexta-feira (10), Israel a parar de bombardear civis em Gaza e matar mulheres e bebês e pediu um cessar-fogo que, segundo ele, beneficiaria os dois lados.

“De fato, hoje civis são bombardeados. Esses bebês, essas senhoras, esses idosos são bombardeados e mortos. Portanto, não há razão para isso nem legitimidade. Por isso, instamos Israel a parar”, disse Macron em entrevista à BBC.

“Não há outra solução senão primeiro uma pausa humanitária, indo para um cessar-fogo” que permita proteger os civis, ele acrescentou.

A manifestação de Macron revela o quão difícil está se tornando seguir endossando os crimes de guerra cometidos pelo governo Netanyahu em Gaza, o primeiro genocídio no mundo televisionado ao vivo, via celular, para o planeta inteiro.

Não há como explicar os mais de 11 mil civis mortos, a grande maioria crianças e mulheres, e 27 mil feridos; os hospitais, escolas mantidas pela ONU, as mesquitas, sob as bombas fabricadas pelos EUA e usadas indiscriminadamente por Israel; metade das casas e prédios arrasados até o chão, com vítimas sob os escombros.

A punição coletiva aos palestinos com o corte de água, eletricidade, remédios e combustível a Gaza. A ordem a 1 milhão de palestinos para marcharem para o sul, ou morrerem sob bombas, a explicitação da decisão de limpeza étnica, de uma Nakba 2.0.

Como disse uma autoridade da ONU, “se há um inferno na terra, é o norte de Gaza”.

Se ainda existir uma jurisprudência de Nuremberg, Macron não tem como alegar que “não sabia”, nem que tem sido cúmplice direto da limpeza étnica em curso de 2,3 milhões de palestinos, sob tiros de tanque israelenses e mísseis disparados por helicópteros Apache. Melhor por as barbas de molho, falar nos bebês e mulheres de Gaza, e fingir que não sabe do apartheid na Cisjordânia ocupada, nem quem é Itamar Ben-Gvir, o chefe dos pogroms contra palestinos – oficialmente, ‘ministro da Segurança’.

Macron havia sido um dos signatários, ao lado de Joe Biden, Rishi Sunak, Olaf Scholtz e outros, do manifesto de apoio irrestrito a Netanyahu, enviado logo após o 7 de outubro – que, como lembrou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, aconteceu depois de “56 anos de uma ocupação sufocante”.

Macron foi a Tel Aviv no dia 24 de outubro, para de novo respaldar os crimes de guerra perpetrados em Gaza, conhecida como a maior prisão a céu aberto do mundo, cometidos sob a folha de parreira do “direito de defesa” de Israel. A essa altura, já não podia haver qualquer dúvida sobre a violação do direito internacional e das convenções de guerra de Genebra por Israel no enclave palestino. Dentro da França, o governo Macron baniu os protestos contra o genocídio em Gaza, sob o pretexto de serem atos de “antissemitismo”.

No mundo inteiro, não cessa de crescer o repúdio ao genocídio cometido pelo ditador Netanyahu, inclusive nos EUA, onde em carta a Biden lideranças de movimentos jovens alertaram-no de que seu apoio à carnificina em Gaza, com dólares e armas, estava afastando a juventude e até mesmo ameaçando sua reeleição no próximo ano.

Agora, Macron, ao ser perguntado pela BBC se queria que outros líderes — incluindo os dos EUA e do Reino Unido — se juntassem aos seus apelos por um cessar-fogo, respondeu: “espero que o façam”.

Fonte: Papiro