Manifestações como esta realizada em Londres ocorrem por todo o planeta | Foto: Niklas Halle'n/AFP

Organizações e personalidades ligadas à defesa dos direitos humanos entregam, no sábado, uma carta endereçada à embaixadora do Reino Unido na Argentina, Kirsty Hayes, solicitando que Julian Assange, preso por revelar informações confidenciais que expunham crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos pelo governo dos Estados Unidos, não seja extraditado para Washington, e pedem sua libertação.

A iniciativa, que acontecerá em frente à Embaixada Britânica em Buenos Aires é coordenada pelos grupos Libertad Assange Argentina e Free Assange Wave em resposta a uma convocação do coletivo norueguês Set Julian Free (Libere a Julian) para que a mesma entrega de documentos seja realizada globalmente em diferentes cidades do mundo, informaram os grupos organizadores da atividade.

Estão confirmadas as presenças de Cristina Fernández de Kirchner, do Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, do juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos Eugenio Zaffaroni, do Ministro da Cultura Tristán Bauer, da Avó da Praça de Maio Nora Cortiñas, além de entidades sindicais, estudantis, femininas e de moradores.

Esse ato inaugura uma série de ações pela liberdade de Assange, como a série de filmes “Assange Libre”, que terá início no dia 26 de agosto, às 16h, no Centro Cultural Kirchner (CCK), em Buenos Aires.

O escopo da ação global por enquanto está limitado a dois países líderes: Noruega e Argentina. Outros seguirão o exemplo nas próximas semanas.

O ato consiste na entrega de uma carta escrita por Chris Hedges, jornalista americano vencedor do Prêmio Pulitzer e defensor da causa de Assange.

“Não haverá liberdade de imprensa se não houver liberdade para Julian Assange”, diz Hedges em seu texto.

LIV ULLMAN

Em Oslo, entre os comprometidos com a entrega, a atriz Liv Ullman, junto com outras personalidades da nação escandinava.

“O Reino Unido tem a possibilidade soberana de estabelecer um precedente internacional na defesa da liberdade de imprensa como um direito humano fundamental”, afirmam.

Assim que as cartas forem entregues, uma coletiva de imprensa será realizada em frente à embaixada.

O australiano de 52 anos é acusado nos Estados Unidos de ter publicado desde 2010, através da WikiLeaks, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas dos EUA, especialmente relacionadas com as guerras no Iraque e no Afeganistão.

Se extraditado e condenado, Assange pode passar o resto de sua vida em uma prisão de segurança máxima, já que as acusações que enfrenta, apresentadas pelo Departamento de Justiça dos EUA, podem levar a penas de prisão de até 175 anos.

Preso pela polícia britânica em 2019 depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres, Assange está detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, no leste de Londres.

Um recurso contra sua extradição ao Tribunal Superior falhou, mas será revisto novamente. Se confirmado, a única opção seria recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

A advogada Stella Moris, esposa do jornalista e programador australiano é uma das maiores ativistas que lutam por sua libertação imediata. Ao final de junho, o Papa Francisco a recebeu e a seus familiares em audiência no Vaticano.

Dias depois, Stella pediu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que seu governo retirasse as acusações contra seu marido. Foi durante uma coletiva de imprensa em Genebra, no momento em que o presidente, que busca a reeleição no próximo ano, estava visitando o Reino Unido como parte de uma turnê pela Europa. “Biden pode acabar com isso a qualquer momento. Não é do interesse do governo (dos EUA) que Julian seja julgado durante o período eleitoral”, disse Moris. “O Reino Unido está dando sinais de que as coisas estão se acelerando e quer a extradição de Julian, algo que pode acontecer este ano”, acrescentou a advogada e ativista pela liberdade de imprensa.

Fonte: Papiro