Foto: Agência Brasil

Em meio à falta de respostas do governo Bolsonaro para a crise que consome a renda da população, o endividamento dos brasileiros bateu novo recorde. Quase 65 milhões de pessoas, ou o equivalente a quatro em cada dez, tinham contas atrasadas em outubro, de acordo com levantamento feito Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O índice é o maior aferido na série histórica, feita há oito anos. 

No mês de outubro, cresceu em 9,24% o número de brasileiros nessa situação. A maior parte das pessoas negativadas, 16 milhões, está na faixa dos 30 aos 39 anos, correspondente a quase 24% do total. Na divisão por gênero, 50,85% são mulheres e 49,15% homens. 

As dívidas aumentaram junto ao setor bancário, 31,82%, seguido de água e luz, com 14,39%. Em média, o valor devido pelo consumidor no mês passado girou em torno de R$ 3.694 e cada um deve para, em média, 1,98 empresa credora.

Desemprego e impactos emocionais

Outro levantamento recém-divulgado pela Serasa Experien, tendo por base o mês de setembro, aponta para a existência de 68,39 milhões de inadimplentes, o que representa crescimento de 420 mil pessoas em relação ao mês anterior. 

Segundo esses dados, a causa principal para o endividamento está no desemprego, apontado por 29% dos entrevistados. Destes, 33% são jovens com até 30 anos e 31% são mulheres.

A maior parte das dívidas concentra-se no cartão de crédito, com 53% do total e neste grupo, 65% dizem respeito a compras realizadas em supermercados, para a compra de alimentos. 

Em seguida, 48% relataram ter se endividado com a aquisição de produtos como roupas, calçados e eletrodomésticos, e 41% com remédios ou tratamentos médicos. 

Transportes e combustíveis e compra de alimentos por entrega em domicílio representaram 22% cada. Esses dados indicam que a maioria das dificuldades enfrentadas por parcela considerável da população em meio à crise do governo Bolsonaro está relacionada a itens básicos para o dia a dia.

Dado também importante trazido pela pesquisa é o reflexo que a inadimplência tem do ponto de vista emocional e psicológico. Dentre as informações levantadas estão, por exemplo, as dificuldades para dormir devido à preocupação com as contas pendentes, que atingiu 83% dos entrevistados; 78% tiveram surtos de pensamento negativos; 74% disseram ter dificuldade de concentração; 62% relataram ter havido impacto na relação conjugal e 61% apresentaram crise de ansiedade ao pensar nas dívidas.