Flávio Bolsonaro | Foto; Geraldo Magela/Agência Senado

O juiz Aimar Neres de Matos, da 4ª Vara Criminal de Brasília, rejeitou pedido formulado pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para retirar do ar duas reportagens do portal UOL sobre o uso de dinheiro vivo para a compra de 51 imóveis pela família Bolsonaro.

A defesa do congressista, filho do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), pediu a remoção das reportagens “Metade do patrimônio do clã Bolsonaro foi comprada em dinheiro vivo”, de 30 de agosto de 2022, e “Clã Bolsonaro: as evidências de dinheiro vivo em cada um dos 51 imóveis”, de 9 de setembro de 2022, além das publicações nas redes sociais do UOL.

Ajuizou, ainda, queixa-crime contra os repórteres Juliana Dal Piva e Thiago Herdy por calúnia e difamação, previsto no Código Penal. O juiz também rejeitou a abertura de processo criminal contra os jornalistas.

Para Aimar Neres de Matos, o pedido da defesa não preenchia os requisitos para concessão de tutela provisória.

“Ademais, a referida matéria jornalística foi publicada, dia 30.8.2022, fato que evidencia haver transcorrido relativo período de tempo entre a data da publicação e o requerimento da tutela de urgência, de modo que se conclui não ter sido bem delineado pelo requerente em que consiste o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo”, escreveu o juiz na decisão.

O clã Bolsonaro está envolto em nova polêmica sobre pagamentos suspeitos. Dessa vez, documentos relacionados às transações imobiliárias do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e os familiares apontam que a compra de mais da metade do patrimônio foi feita com dinheiro vivo.

De 1990 até hoje, Bolsonaro, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis. Segundo levantamento feito pelo portal, pelo menos 51 deles foram adquiridos parcialmente ou totalmente com dinheiro em espécie.

Ao todo, foram registrados R$ 13,5 milhões de repasses “em moeda corrente nacional”, conforme estão registradas as compras no cartório. Questionado, o presidente fingiu não entender o motivo do estranhamento.

“Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel?”, questionou o chefe do Executivo e do clã.

Atualmente, tramita no Senado Federal projeto de lei que pede a proibição do uso de dinheiro vivo para transações imobiliárias, a fim de evitar lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

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