Enfermeiras exigem reajuste salarial e novas contratações contra a sobrecarga de trabalho (Common Dreams)

Enfermeiras entraram em greve, na segunda-feira (12), contra as péssimas condições de trabalho nos hospitais privados do Estado norte-americano de Minnesota, ao mesmo tempo em que as negociações com mais de 100.000 trabalhadores ferroviários se intensificavam para evitar uma paralisação nacional na próxima sexta-feira, os professores em Seattle continuam em greve, e uma onda de organização de novos sindicatos ocorre em setores da mídia e até de jogadores de beisebol.

A greve prevista para três dias em 16 hospitais, descrita pela Associação de Enfermeiras de Minnesota como uma das maiores da história dos Estados Unidos e que deve reunir 15.000 trabalhadoras, deve-se à falta de solução para as condições de excesso de turnos e falta de pessoal que afetam o setor em todo o país desde a pandemia. Portanto, essa greve pode gerar outras em várias partes do país onde existem várias situações semelhantes.

A Covid 19 impactou todos os profissionais de saúde sobrecarregados pela falta de coordenação e preparo das empresas e autoridades locais e federais, apesar do forte agravamento das condições de saúde da população, principalmente dos setores mais vulneráveis. Durante a pandemia, o setor perdeu dezenas de milhares de trabalhadores. Segundo o Ministério do Trabalho, o número de trabalhadores do setor da saúde, incluindo enfermeiros, hoje é inferior em 37 mil profissionais face aos níveis de fevereiro de 2020.

“Sou solidário com as 15.000 enfermeiras em greve…. Elas são a espinha dorsal do nosso sistema de saúde. Elas sabem o que é melhor para seus pacientes”, tuitou o senador norte-americano Bernie Sanders, expressando o amplo apoio de suas comunidades e de setores políticos ao trabalho realizado.

TRABALHADORES FERROVIÁRIOS PREPARAM GREVE

Por outro lado, cerca de 115.000 ferroviários organizados em 12 sindicatos estão preparados para realizar uma greve nacional na próxima sexta-feira – a primeira neste setor em cerca de três décadas – que teria um impacto maciço na infraestrutura nacional de transportes e em vários ramos da economia, congelando cerca de 30% da carga de mercadorias no país.

Além disso, o movimento poderia atrapalhar os sistemas ferroviários de passageiros, pois, embora a disputa trabalhista seja apenas com empresas de carga, os trens compartilham os mesmos trilhos.

A disputa não é apenas por melhores salários, mas também sobre a falta de licenças médicas pagas ou o uso de multas por não comparecimento mesmo em casos de emergências familiares.

O governo de Joe Biden está participando das negociações e o próprio presidente fez apelos a dirigentes sindicais e empresariais na segunda-feira para fazer um acordo, já que uma greve dessas dimensões seria um pesadelo político e econômico para a Casa Branca alguns meses antes das eleições intercalares em que se disputam todas as 435 cadeiras com direito a voto na Câmara dos Representantes e 34 cadeiras do Senado norte-americano.

PROFESSORES E PORTUÁRIOS TAMBÉM PROTESTAM

Cerca de 6.000 professores entraram em greve em Seattle seguindo os passos de seus colegas em Minneapolis, Chicago e Sacramento nas últimas semanas, que foram vitoriosos e conquistaram novos e melhores contratos.

E ainda o sindicato ILWU de cerca de 22.000 estivadores e trabalhadores portuários – historicamente entre os mais progressistas do país – negocia um novo contrato desde maio na Costa Oeste, realizando protestos semanais pontuais.

Junto com tudo isso, a onda de organização de novos sindicatos continua em redes como Starbucks (são mais de 230 lojas) e Amazon, entre outras que estão revitalizando o movimento trabalhista do país pela primeira vez em décadas.

Na última sexta-feira, cerca de 500 funcionários do império de mídia Conde Nast – que produz revistas como Vogue, Vanity Fair e GQ – conquistaram o reconhecimento de sua organização sindical pela empresa.

E nessa mesma sexta-feira, a Major League Baseball – a associação de proprietários profissionais do beisebol norte-americano – anunciou que reconheceria o sindicato dos jogadores da liga principal como representante dos mais de 5.000 jogadores das ligas menores.

O movimento sindical agora conta com apoio mais amplo no país, superando a política reacionária que condena a organização dos trabalhadores: 71% dos americanos têm uma visão favorável dos sindicatos, o nível mais alto registrado pela Gallup desde 1965, registrou David Brooks, articulista do The New York Times.

Papiro