São Paulo - Pessoas em situação de rua na Praça da Sé, região central.(Rovena Rosa/Agência Brasil)

Um manifesto assinado por 38 economistas de instituições como a Fundação Getúlio Vargas, Insper, USP, PUCRJ, UFPE e de universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido lançaram um manifesto em apoio à candidatura do ex-presidente Lula.

“Em que pesem sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT, reconhecemos no ex-presidente Lula a única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo”, afirmam.

Os economistas apontam o desmonte promovido pelo governo Bolsonaro, destacando os crimes ambientais, as dezenas de mortes que poderiam ter sido evitadas na pandemia, o retrocesso na educação e na segurança pública.

Eles denunciam a corrupção e o orçamento secreto: “desmontou-se o orçamento federal e foram criados gastos direcionados a grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição – uma afronta às instituições eleitorais”.

“Por fim, e ainda mais importante”, denunciam, “o atual presidente fez e continua a fazer reiteradas ameaças à democracia, agredindo o judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional”.

Reproduzimos a seguir o manifesto na íntegra:

“Neste momento crítico da história brasileira, nós, abaixo-assinados/as, economistas que sempre nos posicionamos em favor da estabilidade econômica, do fortalecimento das instituições e da justiça social, nos manifestamos em apoio à candidatura do ex-presidente Lula, já no primeiro turno.

As ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira.

O presidente promoveu o desmonte do aparato de fiscalização de crimes ambientais, incentivando o desmatamento acelerado e causando uma grave deterioração do meio-ambiente e a depreciação de nosso capital natural.

A política de saúde foi calamitosa, o governo federal não coordenou os esforços do SUS e a gestão da pandemia contribuiu para dezenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. O presidente, ainda nesse contexto, demonstrou total falta de empatia com as pessoas que sofriam com a morte de entes queridos pela Covid-19.

Não houve qualquer avanço na política educacional, que passou a ser pautada por ideologia, ocasionando retrocesso no aprendizado de crianças e adolescentes, em particular durante a pandemia e principalmente entre os mais vulneráveis.

A política de segurança pública se pautou por estimular a resolução de conflitos de forma individual e violenta: o acesso a armas de fogo e munições pela população foi extremamente facilitado e buscou-se estabelecer uma salvaguarda para policiais matarem, com a tentativa de aprovação da excludente de ilicitude.

Na economia, desmontou-se o orçamento federal e foram criados gastos direcionados a grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição – uma afronta às instituições eleitorais. Apesar da retórica, houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção, e várias denúncias envolvendo o atual governo, o próprio presidente e seus familiares não foram esclarecidas.

Por fim, e ainda mais importante, o atual presidente fez e continua a fazer reiteradas ameaças à democracia, agredindo o judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional.

Em que pesem sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT, reconhecemos no ex-presidente Lula a única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo. Viabilizar a sua vitória em primeiro turno nos parece a resposta mais contundente, segura e efetiva de proteção à democracia no Brasil, aumentando assim o compromisso do futuro governo com políticas que unifiquem o país.

Votamos em Lula em prol da união de um amplo espectro de forças políticas em defesa da democracia, na esperança de que possamos ter um governo para todas e todos os brasileiros.

Amanda de Albuquerque Bernard Herskovic Bernardo Silveira Bruno Giovannetti Carlos Góes Carolina Grottera Cláudio Considera Claudio Ferraz Daniel Cerqueira Diana Moreira Dimitri Szerman Emanuel Ornelas Fernanda Estevan Filipe Campante Francisco Costa Gabriel Ulyssea Joana Monteiro Joana Naritomi João Ramos José Tavares de Araújo Jr Laura Karpuska Laura Schiavon Marco Bonomo

Marcos Ross Fernandes Mayara Felix Octavio de Barros Otaviano Canuto Paula Pereda Paulo Corrêa Paulo Furquim de Azevedo Rafael Costa Lima Raphael Corbi Ricardo Dahis Rodrigo R. Soares Rudi Rocha Sergio Firpo Thomas Fujiwara Tiago Cavalcanti

Afiliações FGV, George Washington University, Insper, Johns Hopkins University, London School of Economics, PUC-Rio, Princeton, UFF, UFPE, University of British Columbia, University of California – Davis, University of California – Los Angeles, University of California – San Diego, University of Cambridge, University College London, University of Delaware, USP, Yale“

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