Centro de Praga lotado contra tarifas de eletricidade impagáveis (Foto: site marxist.com

Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Praga, capital da República Tcheca, para protestar contra a falta de qualquer medida do governo em resposta à crise de energia que afeta a todos os setores da economia do país e da União Europeia (UE).

Manifestações contra essa situação também aconteceram na Alemanha. Milhares de pessoas foram às ruas em Leipzig, na segunda-feira (5), condenando a política de preços do governo no setor energético.

“Os preços da energia e da inflação estão fora de controle. O custo do aquecimento triplicou e, em vez de limitar os preços do gás, o governo federal está aumentando os preços por lei”, diz nota do partido Die Linke, formado originalmente por líderes do PC da Alemanha, um dos organizadores da ação.

De acordo com a mídia local, os cidadãos alemães devem organizar manifestações em massa neste outono (Hemisfério Norte) em meio à inflação crescente e à escassez de recursos para fazer frente aos custos com energia, devido ao aumento no principal insumo até aqui, o gás vindo da Rússia.

“As manifestações em Praga e na Alemanha são apenas o começo. O preço do gás e, consequentemente, da eletricidade estão enlouquecendo os cidadãos europeus e a coisa vai piorar. Os governos europeus e a Comissão Europeia falam de uma ‘manipulação’ por parte da Rússia, mas as pessoas percebem muito bem que a decisão de parar de importar gás e petróleo russos foi uma decisão tomada por Bruxelas sem sequer pensar no impacto que terá na economia europeia”, disse o economista francês Charles Gave em entrevista à Agência Sputnik.

Segundo o economista, a UE à qual a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, arrastou em bloco para aderir às sanções lideradas pelos Estados Unidos, demonstra mais uma vez a incapacidade dos líderes da UE.

“Nos últimos 15 anos, nossos líderes europeus entraram em uma mania climática, promovendo espelhos mágicos e moinhos de vento como a solução. Não funciona. Essas soluções não fornecem ainda a mesma capacidade que as usinas a gás”, acrescentou Gave.

O especialista criticou em particular o presidente francês, Emmanuel Macron, pela inconsistência de seus passos para resolver a crise de energia no país. Em um primeiro momento, o líder francês decidiu fechar dezenas de usinas nucleares usadas para produzir eletricidade e depois ordenou aumentar seu número, assinalou. Gave também chamou de “estúpido” o apoio de Macron à decisão da UE de indexar o preço da eletricidade colado ao preço do gás.

“Os franceses pagam preços exorbitantes só porque a Alemanha depende do gás russo. Isso é uma loucura e a ira do povo está aumentando”, disse o especialista.

“O principal problema é que muitos europeus não conseguem ver a ligação clara das sanções contra a Rússia com o preço do gás precisamente devido à propaganda difundida pela liderança da UE”, acrescentou.

“Eles [europeus] até acreditam que são os russos malvados que fecharam a torneira do petróleo e do gás, enquanto são nossos próprios líderes na Europa que impuseram estupidamente essas sanções que estão destruindo a economia europeia. Nós, europeus, estamos trazendo a estagflação à nossa

cabeça. Antes que as pessoas percebam, será tarde demais. Macron, [o chanceler alemão Olaf] Scholz, von der Leyen e outros nunca admitirão que estavam errados e apresentarão desculpas”, concluiu Gave.

Papiro