O Desenvolvimento Sustentável exige a construção do socialismo e uma nova geração de políticas públicas
A intensificação da crise ambiental e climática no país tem impactos sobre as cidades e em diversos setores como a agricultura, indústria e energia, que se refletem na diminuição dos investimentos públicos, na queda do crescimento econômico, na piora das condições de vida e no bem-estar da população. Na última década, 84,5% dos municípios brasileiros foram afetados por desastres climáticos, com prejuízos e danos estimados em R$ 455,5 bilhões e mais de 324 milhões de pessoas atingidas (considerando que uma mesma pessoa é atingida mais de uma vez) (Brasil, 2025). Segundo o Estudo Estratégico sobre os Impactos Econômicos da Mudança do Clima no Brasil, divulgado pelo Ministério da Gestão e Inovação (2025), o país deve registrar até 2050 uma perda de R$17,1 trilhões no PIB e a eliminação de 4,4 milhões de empregos, caso não haja a implementação de um conjunto de políticas voltadas a conter o agravamento da crise climática.
Considerando que a produção de alimentos e de energia depende de condições climáticas, que a infraestrutura urbana é duramente afetada e que esse contexto tem rebatimento na saúde, na educação e na criação de postos de trabalho, entre outros setores, o PCdoB deve defender uma nova geração de políticas públicas para lidar com o aumento da frequência e magnitude de desastres em praticamente todas as regiões do país, respondendo aos anseios emergentes de uma sociedade que passa por profundas transformações.
Diante da profusão de dados que apontam para os riscos da mudança do clima, os alertas da Ciência não devem ser confundidos com alarmismo, nem tampouco com uma realidade que não possa ser transformada pela humanidade. Mas é o engajamento de todos neste debate que pode impulsionar a construção de políticas públicas consequentes e efetivas, projetando medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e para adaptar o território, a economia e a sociedade, com foco na redução de desigualdades que perpetuam a pobreza e agravam os riscos climáticos, em particular sobre os mais pobres: as mulheres e a população negra.
Ao definir a estratégia e a tática do PCdoB, não cabe vacilação quanto à incorporação deste tema que, a cada dia, ganha mais centralidade na agenda política global e nacional. Também não podemos nos limitar a justificar os crescentes impactos ambientais como decorrência direta do sistema capitalista, sem que haja um comprometimento de nossa corrente de opinião em atuar para reduzi-los.
É imperativo investir em infraestruturas resilientes nas cidades para melhorar a qualidade de vida e o conforto ambiental, assegurar a segurança hídrica e segurança energética de forma sustentável, promover a agricultura de baixo carbono, combater o desmatamento, proteger a saúde das pessoas e apostar em ciência e tecnologia que apoiem estratégias adequadas a cada contexto local, com medidas robustas e iniciativas estruturantes com controle ambiental.
A agenda de clima deve ser compreendida intrinsecamente relacionada à agenda de desenvolvimento, como, aliás, em boa medida tem sido a posição do governo federal. No governo Lula, o Brasil vive um momento de reconstrução e avanço das políticas climáticas, retomando seu protagonismo no âmbito do Acordo de Paris e nos fóruns internacionais, como o G20, BRICs e, com ainda mais veemência, ao sediar a COP30.
Reforçamos a necessidade de cobrar dos países ricos a responsabilização e o financiamento da ação climática, dentro do princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, ao tempo em que devemos desmascarar o negacionismo e as políticas neoliberais, revestidas do verniz da sustentabilidade e da democracia participativa, mas que só aprofundam a crise ambiental e aceleram a concentração de renda.
Defendemos, na agenda doméstica, um pacto social e político que permita ao Brasil o financiamento das políticas públicas e a articulação entre diferentes áreas do governo e entre os diferentes níveis, federal, estadual e municipal, de maneira a reduzir as vulnerabilidades socioambientais.
As mudanças climáticas precisam ser enfrentadas pelos comunistas com esse grau de importância, cientes de que interessa à juventude e ao povo o progresso nacional e a ampliação de direitos sociais, o que só se dará com a defesa do meio ambiente e do planeta. A luta por um futuro sustentável passa por uma transformação social mais ampla, em que o socialismo e a ecologia representem um mesmo projeto, frente a uma profunda revolução no conceito de desenvolvimento em suas mais diversas dimensões, com um novo paradigma na relação de produção e consumo, com utilização dos recursos naturais dentro dos limites da natureza.
A concepção marxista é pioneira em apresentar o capitalismo como sistema produtor de desigualdades e de degradação ambiental. E, considerando a mudança climática e os seus impactos como resultado da lógica destrutiva e excludente do sistema capitalista, mais do que nunca, precisamos da afirmação do socialismo. Desta maneira, seremos capazes de dotar o PCdoB de bandeiras capazes de mobilizar a juventude avançada na luta contra o capitalismo, combinando audácia e coragem na redefinição de caminhos, na defesa de um novo projeto de desenvolvimento que tenha a melhoria da vida do povo no posto de comando. A ação climática sob a perspectiva da luta de classes é, certamente, uma dessas bandeiras.
Viva o PCdoB, rumo ao socialismo e a uma civilização ecológica!
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