Zelensky premia o comandante nazista Kotsyubaylo, filiado ao Setor Direita, como herói da Ucrânia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu, em entrevista à Fox News, a existência de grupos nazistas armados no país, como o “Batalhão Azov”, e disse que eles foram incorporados às Forças Armadas por “defenderem o seu país”.

Perguntado pelo jornalista Bret Baier sobre as características e a atuação dos grupos nazistas na Ucrânia, Zelensky respondeu: “eles são o que eles são”.

“Azov era um dos muitos batalhões nacionais. Bem, eles são o que são… Eles estavam defendendo o nosso país”, disse o presidente ucraniano.

“Todos os componentes desses batalhões voluntários mais tarde foram incorporados às forças armadas ucranianas. Os lutadores do Azov não são mais um grupo autônomo, mas parte do exército ucraniano”, continuou.

“Em 2014, houve situações em que os voluntários foram cercados e alguns deles violaram leis da Ucrânia, e eles foram levados à Justiça e receberam sentenças de prisão”.

O presidente Zelensky, entretanto, não mencionou nenhuma punição para os diversos crimes cometidos pelos batalhões nazistas depois de 2014, como os bombardeios contra populações civis no Donbass por serem russófonas. Não mencionou porque as punições nunca aconteceram.

E também não disse que os grupos pararam de ser nazistas porque entraram nas Forças Armadas da Ucrânia, em 2014. O que mudou, na verdade, foi que os grupos nazistas passaram a receber armamento e treinamento diretamente do governo ucraniano e, é claro, também passaram a exercer maior influência sobre as Forças Armadas do país.

A entrevista foi realizada na tarde da sexta-feira (31), mas o trecho em que o entrevistador, Bret Baier, pergunta a Zelensky sobre os grupos nazistas e seus crimes foi omitido pela Fox News na internet.

No vídeo da “íntegra” da entrevista publicado em seu site e no Youtube, a Fox News cortou a pergunta de Bret Baier e a resposta de Zelensky sobre o Batalhão Azov. O material só pôde ser recuperado porque um internauta publicou a gravação.

O Batalhão Azov usa como símbolo uma adaptação do usado pela 2ª Divisão Panzer Das Reich, organização militar da Alemanha nazista, junto com o “Sol Negro”, outro símbolo nazista.

Existem centenas de fotos e vídeos que mostram seus “militantes” com tatuagens da suástica, segurando bandeiras nazistas e fazendo a saudação “heil Hitler”.

A milícia foi fundada em 2014, durante o golpe – inspirado na Casa Branca – que derrubou o presidente eleito, Viktor Yanukovych, e atuou diretamente nos massacres das populações russófonas do Donbass.

Esse esquadrão tomou conta da cidade de Mariupol, na região de Donetsk, forçando parte da população da cidade à condição de escudos humanos na tentativa de impedir que as forças da República Popular de Donetsk, com apoio russo, libertassem a cidade.

Com o deslocamento doi bando Azov da maior parte da cidade portuária, foram encontrados, em prédios transformados em bases dos grupos nazi-ucranianos, materiais de propaganda nazista, como o livro escrito por Adolf Hitler, Mein Kampf (Minha Luta), uniformes do exército nazista, entre outros objetos.

O Batalhão Azov não é a única organização nazista e armada na Ucrânia, como bem disse Zelensky na entrevista, pois existem diversas, a exemplo do Batalhão Aidar, braço armado do partido Praviy Sector (Setor Direita).

A Reuters, avalia que esses grupos chegam a representar 40% das Forças Armadas da Ucrânia, tendo cerca de 102 mil a eles integrados.

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