Xiomara Castro concorre pelo partido Liberdade e Refundação

Neste domingo (28), mais de cinco milhões de hondurenhos vão às urnas para eleger o presidente da República, 128 deputados do Congresso Nacional, 20 do Parlamento Centro-Americano, 298 prefeitos e mais de dois mil vereadores. Em disputa, o desafio de encerrar o ciclo de 12 anos de violência e miséria, aprofundados pelo neoliberalismo.

Membro da Aliança de Oposição formada pelos partidos Liberdade e Refundação (LIBRE), Salvador de Honduras, da Inovação e Unidade Social Democrática, Xiomara Castro de Zelaya lidera a disputa. Reconhecida por seu forte trabalho social, Xiomara é esposa do ex-presidente Manuel Zelaya (2006-2008), deposto por um golpe orquestrado pelos Estados Unidos.

Conforme a pesquisa do Centro de Estudos para a Democracia (Cespad), publicada no final de outubro, Xiomara conta com 38% da preferência dos eleitores, contra 21% de seu rival mais próximo, Nasry Asfura, representante do Partido Nacional, caracterizado como o “homem de frente” do atual presidente Juan Orlando Hernández (JOH), com fortes vínculos com o narcotráfico.

“Vamos massivamente derrubar a ditadura”, afirmou Xiomara, defendendo que “se necessita una mulher que assuma a presidência e que administre os recursos públicos com transparência e expulse a corrupção do nosso país”. Chegou a hora, enfatizou, “de construirmos uma Honduras com um socialismo democrático”.

Na tentativa de reverter o quadro, às vésperas da votação, o governo começou a distribuir um “Bônus Bicentenário” de sete mil lempiras (US$ 290 dólares) para pessoas que vivem na pobreza, qualificado como “compra de consciências” em favor do candidato de JOH. A procura desesperada pela ajuda provocou imensas filas, registrada pela imprensa local na sexta-feira (26).

O ex-ministro do Planejamento da Costa Rica, Otton Solís, denunciou práticas não transparentes de funcionários do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (CABEI), especialmente de seu presidente, Dante Mossi, que aprovou um empréstimo de 70 milhões de dólares ao governo de Honduras há poucos dias da eleição, supostamente para beneficiar famílias afetadas pelos furacões Eta e Iota.

Dados do Banco Mundial mostram que Honduras é o segundo país mais pobre do continente, depois do Haiti: quase metade da população (4,8 milhões de pessoas) vive com menos de US$ 5,50 por dia e 14,8% dos hondurenhos sobrevivem com menos de US$ 1,90 por dia.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Honduras e o Observatório Nacional da Violência da Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH) registraram até o momento mais de 30 assassinatos no marco do atual processo eleitoral, que desponta como ainda mais violento do que o de 2017.

Desde que iniciou a disputa com a realização de eleições primárias em março deste ano, o governo de Juan Orlando Hernández vem boicotando abertamente o processo democrático. Entre outras ações, a nova Lei Eleitoral foi aprovada com atraso e não incluiu a obrigatoriedade do voto no exterior e do voto eletrônico [majoritariamente oposicionista]; os recursos orçamentários para o financiamento do processo, gerido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), foram entregues com atraso e sujeitos à aprovação do Executivo, especificamente da Casa de Governo e foi adiada a contratação das empresas encarregadas da transmissão dos resultados.