Xi Jinping ao se dirigir ao encontro virtual do G20

“Conseguir uma vitória contra a Covid-19 e restaurar o crescimento econômico continua a ser a principal prioridade para a comunidade internacional”, afirmou por videoconferência o presidente chinês Xi Jinping à Cúpula Global da Saúde, promovida na sexta-feira (21) pelo G20 – as 20 maiores economias do planeta – por iniciativa da Itália, país que preside o grupo no momento, em parceria com a União Europeia.

O evento, além de fazer um balanço das ações da cúpula extraordinária do G20 sobre a Covid-19 do ano passado, também serve como uma mostra do que estará em debate na 74ª Assembleia Mundial da Saúde, o órgão máximo da Organização Mundial da Saúde (OMS), ligada à ONU, na próxima semana.

Em seu pronunciamento, Xi reiterou que “apesar da capacidade de produção limitada e da enorme demanda interna, a China honrou seu compromisso fornecendo vacinas gratuitas para mais de 80 países em desenvolvimento e exportando vacinas para 43 países”. O que somou “300 milhões de doses de vacina”, com a determinação de Pequim de fornecer “ainda mais, com o melhor de sua capacidade”.

O presidente Xi ressaltou que a China – que foi pioneira no anúncio da disposição de tornar as vacinas contra a Covid-19 bens públicos globais, ou seja, renúncia dos direitos de propriedade intelectual – “apóia a Organização Mundial do Comércio na tomada de decisão sobre a questão o mais breve possível”.

Ele expressou também o apoio da China às suas empresas de vacina “na transferência de tecnologias para outros países em desenvolvimento e na realização da produção conjunta com eles”.

Xi informou que a China enviou suprimentos médicos para mais de 150 países e 13 organizações internacionais, fornecendo mais de 280 bilhões de máscaras, 3,4 bilhões de roupas de proteção e 4 bilhões de kits de teste para o mundo, nesse enfrentamento da pandemia.

O presidente fez questão de registrar a cooperação estabelecida entre hospitais chineses e 41 hospitais africanos, assim como o inicio da construção da sede do CDC (centro de combate às epidemias) no continente africano, com assistência de Pequim. Outro passo importante foi o projeto conjunto China-ONU para estabelecer na China um centro e depósito de resposta humanitária global.

“Vamos dar as mãos e ficar ombro a ombro uns com os outros para avançar firmemente na cooperação internacional contra a Covid-19, construir uma comunidade global de saúde para todos e trabalhar por um futuro mais saudável e brilhante para a humanidade”, convocou.

Após saudar os anfitriões, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, o presidente Xi instou o G20 a “assumir responsabilidades na cooperação global contra o vírus” visando reforçar a capacidade de “fazer frente a grandes emergências de saúde pública” e elencou “cinco pontos prioritários de ação”.

“Primeiro, devemos colocar as pessoas e suas vidas em primeiro lugar, demonstrar um grande senso de responsabilidade política e coragem e dar respostas extraordinárias a um desafio extraordinário”, afiançou.

“Nenhum esforço deve ser medido para atender todos os casos, salvar todos os pacientes e respeitar verdadeiramente o valor e a dignidade de cada vida humana”, enfatizou Xi.

“Em segundo lugar, devemos seguir políticas baseadas na ciência e garantir uma resposta coordenada e sistêmica. Diante dessa nova doença infecciosa, devemos defender o espírito da ciência, adotar uma abordagem baseada na ciência e seguir a lei da ciência”, afirmou Xi.

Para o presidente chinês, a luta contra a Covid-19 é “uma guerra total que exige uma resposta sistêmica para coordenar as intervenções farmacológicas e não farmacológicas, as medidas de emergência e garantir o controle da epidemia e o desenvolvimento socioeconômico”.

Xi chamou os membros do G20 a “adotarem políticas macroeconômicas responsáveis e a intensificarem a coordenação para manter as cadeias industriais e de abastecimento globais seguras e sem problemas”. Ele pediu, ainda, a suspensão da dívida dos países em desenvolvimento vulneráveis e a concessão de ajuda internacional a esses países.

“Terceiro, devemos permanecer juntos e promover a solidariedade e a cooperação”, ressaltou Xi. “A pandemia é mais um lembrete de que nós, humanidade, nos erguemos e caímos juntos, com um futuro compartilhado”, destacou.

“Confrontados por uma pandemia como a COVID-19, devemos defender a visão de construir uma comunidade global de saúde para todos e rejeitar firmemente qualquer tentativa de politizar, rotular ou estigmatizar o vírus”, assinalou.

“Quarto, devemos defender a justiça e a equidade ao nos esforçarmos para eliminar a lacuna de imunização”, conclamou o presidente Xi, lembrando ter proposto há um ano que as vacinas se tornassem “um bem público global”.

“Hoje, o problema da vacinação desigual tornou-se mais agudo”, advertiu Xi, chamando a rejeitar o chauvinismo das vacinas e a encontrar “soluções para produção e distribuição de vacinas, a fim de torná-las mais acessíveis e menos onerosas aos países em desenvolvimento”.

Xi também convocou os principais países responsáveis pelo desenvolvimento e produção dos imunizantes a assumirem sua responsabilidade de fornecer mais vacinas aos demais países e autorizarem sua produção em mais países. Ele também pediu às “instituições financeiras multilaterais” apoio para a aquisição de vacinas pelos países em desenvolvimento.

Em quinto, Xi assinalou que a pandemia é um teste extensivo do sistema de governança de saúde global e propôs “fortalecer e alavancar o papel da ONU e da OMS e melhorar o sistema global de prevenção e controle de doenças para melhor prevenir e responder a futuras pandemias”. Governança que precisa de “ampla consulta e benefícios compartilhados”, acrescentou.

Ele instou, ainda, a aumentar “nossa capacidade de monitoramento, alerta precoce e resposta a emergências, nossa capacidade de tratamento de grandes pandemias, de combate à desinformação e de apoio aos países em desenvolvimento”.