Guarda Nacional já nas ruas de Washington. No dia da posse, contingente chegará a 25 mil tropas

Medidas de segurança estão sendo implementadas e são incrementadas a cada dia em Washington e outros Estados desde o dia 6 de janeiro, quando fracassado o golpe fascista articulado por Donald Trump.

Estas ações de defesa da integridade dos prédios públicos e das autoridades – principalmente deputados e senadores, além, é claro, do presidente eleito, Joe Biden e sua vice, Kamala Harris – estão sendo tomadas levando em conta não apenas o fatídico 6 de janeiro, mas postagens denunciadas pelo FBI e pelo cineasta norte-americano Michael Moore conclamando as hordas de supremacistas brancos a atacarem edifícios públicos através de ações armadas nos 50 Estados norte-americanos entre os dias 17 e 20 de janeiro (data da posse de Biden).

A mais visível destas ações de defesa da integridade das autoridades e prédios é o deslocamento de tropas da Guarda Nacional que – juntamente com veículos militares blindados – lotam a capital Washington nas proximidades do Capitólio e da Casa Branca com a previsão de que o número de soldados ultrapasse os 25.000 até o dia 20.

Tais medidas destoam da estranha paralisia em termos de segurança que perdurou por seis horas, o que permitiu a invasão, depredação e ocupação do prédio do Capitólio, cinco mortes e suspensão da sessão que ratificaria a vitória de Biden, só retomada na noite do mesmo dia, com os deputados e senadores retornando a prédio sob escolta policial, fato denunciado como grave falha sistêmica” de segurança pela Comissão de Orçamento da Câmara de Representantes (deputados).

As ações fazem parte dos cuidados para evitar atentados do que o senador democrata Chuck Schumer chamou de “terrorismo doméstico” e “a maior ameaça atual à democracia nos Estados Unidos”. As medidas foram anunciadas por David P. Pekoske, diretor da T.S.A. (iniciais em inglês da Administração de Segurança no Transporte) em conjunto com o FBI e o Departamento de Segurança Nacional.

Entre as ações, há o veto a centenas de identificados pela participação na invasão do Capitólio no dia 6, adeptos das seitas racistas e fascistas dos EUA, a exemplo do grupo místico-supremacista branco QAnom ou do bando Bugaloo, cuja missão declarada é detonar uma guerra civil nos EUA. “Tais grupos se configuram na principal ameaça”, diz um boletim expedido pelo FBI que acrescenta a denúncia de que os grupos “já se afirmaram dispostos a atacar civis e outros alvos”.

Entre as ações previstas estão atividades de “milícias armadas” e de grupos terroristas visando uma “guerra racial”, segundo o alerta do FBI.

Os aeroportos dos Estados Unidos estão lotados de agentes de segurança. Todos os passageiros são revistados mais de uma vez para barrar a entrada nos aviões de portadores de armas.

Toda essa movimentação de soldados, policiais e agentes de segurança resultam de uma ação encabeçada por Trump que, como denunciou a presidente da Câmara de Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, “é um perigo claro e presente em nosso país”.

Aliás, as duas falas de Trump após o fracasso de seu golpe demonstram que ele não assume nem se arrepende do que fez, o que mostra que o fariseu é capaz de repetir a dose e foi com base em tais evidências que os deputados aprovaram a resolução de seu impeachment por 232 votos a 197 e 4 abstenções (10 deputados de seu partido votaram pelo afastamento e outros quatro que se negaram a defendê-lo da medida preferiram se abster).

Agora, como integrante da situação de tensão nos EUA, alguns dos dez deputados republicanos que votaram a favor do impeachment de Trump foram repreendidos por seus colegas e estão enormemente preocupados por sua segurança pessoal. “Nossa expectativa é que alguém possa tentar nos matar”, desabafou o deputado republicano Peer Miejer, ressaltando que vários colegas de partido estão tomando medidas para proteger a si e às suas famílias, como a contratação de escoltas armadas.

Por outro lado, açulador da turba, sem reconhecer a derrota, Donald Trump anunciou que deixará a Casa Branca na próxima quarta-feira pela manhã para não dar posse ao presidente democrata Joe Biden. “A todos os que me perguntaram, não irei à cerimônia do dia 20 de janeiro”, reiterou o cabeça do golpe frustrado.

PRÉDIOS PÚBLICOS

A preocupação com o perigo de novos atentados já levou a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer a acionar a Guarda Nacional lotada em seu Estado a apoiar os agentes de segurança na cidade de Lansing onde, em outubro do ano

passado, 13 indivíduos foram presos acusados de “terrorismo, conspiração e uso de armas para essas finalidades”. Pelo menos seis deles estavam planejando raptar a governadora democrata, uma das mais críticas ao desgoverno Trump.

Já o governador Gavin Newson, da Califórnia, requisitou o deslocamento de mil soldados da Guarda Nacional, na quinta-feira (14), para as cercanias do Capitólio local, como “preparativo e resposta a ameaças verossímeis”.

WASHINGTON

Treze estações de metrô e rotas de ônibus nas ruas e avenidas centrais de Washington permanecerão com o funcionamento suspenso durante esta semana até o dia da posse, pontes como a Memorial Bridge estão fechadas para trânsito, ambulâncias serão deslocadas preventivamente para o centro da capital norte-americana e a prefeita Muriel Bowser recomendou ao “público que assista à posse pela TV e internet”.