China Telecom é uma das principais provedoras de serviços de comunicação e atua em mais de 110 países

A subsidiária da China Telecom nos EUA, a China Telecom Americas, teve sua autorização de funcionamento cassada pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) norte-americana, sob a falsa alegação de “risco à segurança nacional”, depois de quase 20 anos de operação no país, no mais recente ato de hostilidade contra a China, metamorfoseada de ‘guerra tecnológica’.

A China Telecom Américas tem até 60 dias para encerrar suas atividades. A cassação foi determinada na terça-feira (26), sob o pretexto de que a China Telecom “está sujeita à exploração, influência e controle do governo chinês” e, portanto, supostamente forçada a cumprir determinações do governo de Pequim, “sem procedimentos legais suficientes, sujeitos a supervisão judicial independente”.

A China Telecom já havia sido excluída da lista da Bolsa de Valores de Nova York durante o governo Trump, juntamente com outras empresas de telecomunicações estatais da China.

A acusação contra a China Telecom é de que, por causa de tal “vínculo”, haveria oportunidade para a China “acessar, armazenar, interromper e/ou desviar as comunicações dos EUA” – embora jamais tenha havido qualquer evidência, por mínima que fosse, quanto a isso.

Como se sabe, o governo norte-americano, sob Trump, chegou ao ponto de praticamente sequestrar em uma escala de voo, com a cumplicidade do Canadá, a filha e diretora do fundador da Huawei, cuja extradição foi buscada, e da qual o novo governo Biden só recuou no último minuto.

A proibição de fornecimento de microchips de fabricação norte-americana e até de terceiros que usem equipamento ou design norte-americano à Huawei e a outras empresas de alta tecnologia da China não tem nada a ver com ‘ameaça à segurança’, mas sim ao fato de a empresa chinesa ter assumido a liderança incontestável das redes digitais de alta velocidade 5G no mundo e já ser a maior detentora de patentes de inovação nas telecomunicações.

A propósito, é o cúmulo do cinismo que os EUA, cujas gigantes das telecomunicações, como AT&T e Verizon, se tornaram notórias pelas famosas “salas de grampo” da NSA que funcionavam ininterruptamente, como ficou público a partir das denúncias de Edward Snowden, acuse qualquer operadora de qualquer origem de fazer o que são as operadoras norte-americanas – e também nos troncos chave da internet – que cometem.

A China Telecom é uma das principais provedoras mundiais de serviços de comunicações e tecnologia da informação, atuando em mais de 110 países. A sucursal nos EUA é especializada no fornecimento de conectividade transpacífico, incluindo serviços de nuvem e data centers, o que se explica pelo enorme entrelaçamento entre as duas maiores economias do mundo.

Porta-voz da China Telecom Americas rechaçou o banimento decretado pela FCC e disse que a empresa irá “buscar todas as opções disponíveis enquanto continuamos a servir nossos clientes”.